Ai que saudade do meu Icó II

Um bom dia aos meus diletos conterrâneos. Hoje acordei saudosista, macambúzio, sem algo a observar no horizonte que me fizesse deslumbrar a beleza da natureza. 

Era como se eu só visse em tudo que observava uma ampulheta, velha e entupida, cujo o tempo já não contava mais. Foi então que sem nenhuma explicação, um sopro repentino, fez com que eu retornasse a minha infância. 

Comecei uma viagem nos mais longínquos lugares de minha cidade. E nessa caminhada imaginária por aquela pacata e saudosa Icó, a cada local que chegava relembrava as pessoas que fazia parte do cotidiano da cidade naqueles tempos remotos. Não tive como não ter saudades, pretendia que aquela viagem não terminasse.

Foi então que veio-me a idéia de escrever o texto AI QUE SAUDADE DO MEU ICÓ II. E assim o fiz, e não poderia guardar comigo as lembranças daquele Icó, tinha que relembrar os meus conterrâneos algumas figuras históricas de nossa terra, para que não morram no rápido esquecimento em que se transformou nossa memória, com o avanço da tecnologia.

Quem não sente saudade de ouvir Pinheiro aboiando.

Quem não sente saudade da padaria da Casimiro.

Quem não sente saudade das melancias roubadas da roça de Seu Revil Landim.

Quem não sente saudade de ter pescado no Rio Salgado [nas taboqueiras].

Quem não sente saudade de comprar móveis na loja da Jaime Dantas.

Quem não sente saudade das quadrilhas organizadas por Zé Lula [na Rua do Meio].

Quem não sente saudade do bar de Marismar.

Quem não sente saudade de Raimundo da Budega, com o primeiro SPC do Icó [Colocava uma lista na parede com os nomes dos devedores]

Quem não tem saudade de ter feito as compras no Mercadinho São Jorge.

Quem não sente saudade de jogar bilhar no Bar de Ribamar Monteiro.

Quem não sente saudade das conversas no bar de Sales Rocha.

Quem não sente saudade de comprar tecidos com seu Raimundo Ruberto.

Quem não sente saudade dos queimas da Loja Verdinha.

Quem não sente saudade do lambe-lambe de Mané Jarcinto e Seu Moura.

Quem não sente saudade das noites dramas, que eram encenadas na casa de Ninô de João Alencar [João Curuja].

Quem não sente saudade do hotel de Jeremias.

Quem não sente saudade do Campo do Chicola.

Quem não sente saudade de Seu Onofre e sua carroça.

Quem não sente saudade de ver João em sua burra vendendo água.

Quem não sente saudade de ter corrido com medo do Doido da Batina.

Quem não sente saudade dos pães de Seu João Alexandre e D. Aiá.

Quem não sente saudade de comprar bombas nas festas juninas em Doca.

Quem não sente saudade das belas gaiolas feiras por Clôudo [O IBAMA não autuava].

Quem não sente saudade de ver Charuto equilibrando o rádio na cabeça.

Quem não sente saudade de Geraldo da Lata.

Quem não sente saudade das conversas de Zé Guabiraba.

Quem não sente saudade de ouvir a voz rouca de Zé Walfrido em seus discursos emocionantes [Povo do meu Icó].

Quem não sente saudade de ver Seu Eudes passeando com suas cachorras.

Quem não sente saudade de ver a Praça Maciel Teixeira se transformar em um desfile de moda todos os domingos.

Quem não sente saudade da Corrente.

Quem não sente saudade da gargalhada de Rita Chata.

Quem não sente saudade de ter assistido televisão na casa de Geralda de Conceição [Minha madrinha]. Na Rua do Meio só tinha lá.

Quem não sente saudade de comprar ouro com o Cutruco [Ficava zangado].

Quem não sente saudade dos poemas de seu Zé de Oliveira.

Quem não sente saudade das sinceridades de Seu Chico Patrício.

Quem não sente saudade da dupla de amigos Cizota e Zé Francisco.

Quem não sente saudade da pontaria de Sinval.

Quem não sente saudade do sempre sorridente Nenêm de Enéias.

A minha viagem foi extensa, pois praticamente percorri toda a cidade de minha infância, desde o Rosário, passando pela Rua da Pitombeiras, Rua do Velâme, Rua Larga, Rua Grande, Rua do Meio, Rua das Almas. Desculpe-me as que não relacionei, mas andei por todo o Icó do velhos tempos. Quem lembrar de alguém de quem devemos ter saudades, pode acrescentar, pois com certeza não poderia lembrar de todos.

Um grande abraço aos meus diletos conterrâneos.

“Só a realidade, pode superar a beleza dos sonhos”


* Texto escrito e enviado por Damião Diniz
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Publicado por Jornalismo

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