Sobre o crescimento demográfico*

* André Leite Fernandes - Jornal Folha do Salgado (Edição 218)

Assim como em todo mundo ocidental “em desenvolvimento”, a fatia da população que mais cresce é a dos pobres, 2,5 filhos por casal enquanto a classe média e alta 1,3 filhos por casal. Isso mostra um câncer que corrói o ocidente no curto e no longo prazo.

Previsto por muitos pensadores no passado, o crescimento da classe baixa é fruto de todo um passado sem educação de qualidade para aquelas pessoas. A instrução escolar leva ao planejamento familiar e a prevenção da maternidade. Hoje os pobres presenteiam seus governos com filhos em retribuição a negligencia que sofreram desde o descobrimento, no caso da América Latina.

O problema não é o crescimento ser alto, mas sim o despreparo dos países para esse crescimento e o momento histórico de crise. A América Latina possui uma taxa desemprego média de 15% da população economicamente ativa e mais 15% dos trabalhadores no mercado informal.

O pior é que esse desemprego é estrutural, não conjuntural, ou seja, a taxa não vai subir a menos que muitos trabalhadores ativos morram e sejam substituídos. Com esse fato, tanto é difícil para os pais sustentarem os filhos quanto os filhos obterem sucesso econômico.

Os sistemas de educação e saúde latinos, apesar dos grandes avanços nas últimas décadas, estão longe dos padrões europeus ou cubanos. O contexto mundial mostra-se sombrio com crises financeiras, aumento da automação e alienação da população que não sabe o que fazer ou a quem recorrer.

O resultado disso tudo é um aumento crescente da criminalidade, de tal forma que os bandidos tem muito mais poder de coerção que a polícia. A América Latina está vivendo uma guerra civil há mais de dez anos sem solução simples. Verdadeiras fortalezas estão sendo construídas pelos que tem muito dinheiro para se isolarem do resto da sociedade por medo de atentados. O mercado de segurança particular tem crescido 50% ao ano no Brasil.

O contínuo aumento populacional pode ter várias conseqüências negativas. A mais falada é a questão da escassez de alimentos, mas a verdade é que os alimentos estão mal distribuídos mundialmente, uma vez que, nos países desenvolvidos existe um grande problema de saúde por excesso de alimentação (obesidade e problemas cardiovasculares).

Com o aumento da população e desenvolvimento dos países aumenta também a poluição produzida, e se já com a população atual os problemas ambientais relacionados com a poluição são bastante, então se deduz que serão muito piores com uma população ainda maior e a produzir cada vez mais desperdícios; este aumento da poluição poderá implicar também a degradação de muitos ecossistemas naturais.

Na sociedade globalizada em que vivemos outro grave problema é a propagação de epidemias, que agora acontece com muito mais facilidade devido ao contacto entre indivíduos de todos os pontos do mundo uns com os outros devido aos avanços dos meios de transporte.

O fato de haver cada vez mais gente, para menos área habitável faz também com que comecem a surgir populações que habitam áreas perigosas do planeta, facilmente susceptíveis a catástrofes (ex.: áreas de grande atividade vulcânica). Têm também preocupado as autoridades governamentais os problemas associados à criação de empregos, meios de habitação, transportes, educação e saúde.

Alguns recomendam a laqueadura de mulheres após o segundo filho tal qual o modelo chinês, tão criticado internacionalmente. Outros recomendam uma política social mais séria, o que é muito mais difícil. Uma intervenção internacional é alternativa.

O futuro próximo da América Latina parece ser uma guerra entre milícias em meio às ruínas do foram às cidades.

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* Texto de André Leite Fernandes - Mestre em Engenharia da Produção - Especialista em Finanças e Marketing - Bacharel em Administração de Empresas
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