Por requerimento assinado pelo deputado estadual Neto Nunes e aprovado pela Assembléia Legislativa do Ceará, aconteceu em Icó mais um encontro de políticos, técnicos e povo para se falar sobre o acelerado processo de degradação ambiental por que vem passando o Rio Salgado. O tema não é novo e a cruel realidade também não.
Desta vez, entretanto, com a presença do deputado Domingos Filho, presidente da Assembléia, Antonio Granja, presidente da comissão de saúde, Marcos Nunes, prefeito do Icó, Geraldo dos Santos, prefeito de Ipaumirim, Samuel Araripe, prefeito do Crato e representantes das prefeituras de Juazeiro, Aurora e Cedro, além do próprio deputado Neto Nunes e de diversas outras autoridades e técnicos do estado do Ceará, a situação parece ser diferente.
A audiência pública, convidada pela própria Assembléia Legislativa, teve a finalidade de discutir a recuperação da mata ciliar às margens do Salgado, bem como as possíveis soluções para o tratamento da água servida e a destinação do esgotamento sanitário das cidades que ficam às margens do Rio.
A difícil situação começa no Crato onde o Rio nasce e ali mesmo começa a receber água de esgoto sem qualquer tratamento. Juazeiro, Aurora, Lavras da Mangabeira e Icó completam o desastre ecológico. O rio está totalmente poluído e ainda recebe o complemento da destruição com embalagens de agrotóxicos, lixo, retirada de areia, construções indevidas e a perca da mata ciliar com seus anexos: flora e fauna.
Neto Nunes alertou que é inviável a chegada das águas do São Francisco se o Salgado continuar como está. Esta realidade já está devidamente comprovada por todos os técnicos que estudam o meio ambiente e a permanente degradação do Salgado, o que falta é atitude, projeto e dinheiro para interromper o ciclo destrutivo e recomeçar nova vida. De mata ciliar o rio nada mais tem.
As margens foram loteadas, inclusive o leito, onde se observa cerca de arame farpado em vários locais, a fauna também sumiu e o rio foi mudando seu curso natural para invadir as cidades da ribeira levando preocupação e prejuízos para a população. Segundo ambientalistas, é urgente e necessária a recuperação do salgado envolvendo questões de saúde pública.
Para despoluir o rio é necessário investir recursos na complementação do esgotamento sanitário das cidades. Em Icó, por exemplo, apenas 40% da cidade tem saneamento e a lagoa de tratamento somente tem capacidade para este volume. A complementação da rede de esgoto envolve recursos volumosos e toda uma nova estrutura de tratamento.
Bairros inteiros estão com ruas em terra batida, com rede de água insatisfatória e sem rede coletora dos dejetos sólidos. O uso já superado de fossas polui os mananciais subterrâneos que terminam desaguando no rio.
A falta de rede coletora também leva milhares de casas à construção de esgotos improvisados que acabam escorregando para o rio sem qualquer tratamento. Tudo isto é preocupante e se transforma em caso de saúde pública, pois compromete diretamente o estado saudável da população.
O encontro realizado em Icó ganhou peso, pela presença de representantes políticos do estado e da região, mas fica clara a inexistência de projetos viáveis para execução, já que através do PAC estão anunciados recursos que possam melhorar a qualidade de vida da população influenciando diretamente no Índice de Desenvolvimento Humano – IDH, que em Icó é lamentável, e coloca o município na posição 135 com relação ao Estado do Ceará que tem 184 municípios.
Alguma coisa boa está acontecendo, pois há vozes do mundo político se pronunciando em defesa do Salgado, mas se faz necessária muita ação, pois o desgaste já está em ritmo acelerado de destruição.
_____________________
* Editorial da edição 187 - Texto escrito por Getúlio Oliveira
0 comentários :
Postar um comentário