Editorial Notícias do Vale: Por que a mulher precisa ser protegida?*

A mulher é e sempre será símbolo de amor, de carinho, de zelo e de muitos adjetivos sempre ligados aos sentimentos mais íntimos da sensibilidade humana. Por que então precisa tanto de proteção? Ser protegida deveria ser um ato natural, pois como parceira indispensável está sempre disposta a servir na harmonização do lar e da vida do homem.

Mas não é assim. A estatística é cruel e continua a registrar intenso ataque de homens enraivecidos contra mulheres, em geral, indefesas. O homem, seu principal agressor, diz que não pode viver sem ela, mas ao te-la não pode viver sem feri-la seja de forma física, sexual ou moral.

No dia 8 de março, quando se comemora o dia internacional da mulher, estas reflexões vêm à tona, mas depois, com o passar dos outros dias do ano, tudo continua como sempre foi e as delegacias vão ficando abarrotadas de tantas denúncias contra homens agressores.

Estudiosos de diversas áreas dedicam tempo imenso em compreenderem o que se passa na psicologia desta relação homem/mulher. Chegam a conclusões variadas, porém, coincidem no pensamento de que tudo está sedimentado na questão cultural.

Os homens nascem e crescem machistas. São incentivados no comportamento e nas atitudes dos pais. “Homem que é homem deve ser sempre superior ás mulheres e nunca submetidos aos seus caprichos”. “Homem que bate na mulher é sempre respeitado por ela”.

“Mulher precisa sofrer para aprender a respeitar seu marido”. Frases e mais frases absurdas como estas podem ser encontradas no dia a dia da educação no lar. Assim, vai o homem desenvolvendo seu instinto maldoso contra sua parceira.

Primeiro começa de leve, como algo carinhoso e pede para que ela não corte o cabelo, não use roupa curta, não use maquiagem, na fale com pessoas de quem ele não gosta, não faça isto e não faça aquilo. Quando consegue seus objetivos está com a presa dominada e nada mais poderá dete-lo em seu sentimento de dominação.

Quando não consegue, toma o caminho da violência antecipada e procura humilhá-la ao extremo, seja moral ou profissionalmente. Ainda descontente busca os meios físicos para ameaças e concretizações chegando ao extremo de assassiná-la para dizer que “se não pode ser minha não será de mais ninguém”.

Dessa forma o mundo vai conduzindo um processo que vem desde os primórdios. Na Bíblia, no Antigo Testamento, a mulher não existia nem mesmo na estatística. Quando alguma se sobressaía era apenas para cumprir os desígnios de Deus, mas sempre colocada sob os pés do homem.

Com o tempo evoluiu, mas somente no século passado é que pode participar da vida como parceira. Ganhou direito de sair de casa para trabalhar, de votar e ser votada, de dirigir empresas, de participar das forças armadas, de ser alguém comum que participa ativamente do processo produtivo.

Somente não alcançou ainda foi o mesmo reconhecimento por sua força de trabalho e ainda ganha menos que o homem para exercer a mesma função. Com tudo isto a violência continua contra elas.

Aparatos legais foram criados, o símbolo de Maria da Penha no Ceará, motivou a criação de Lei específica em sua defesa, elas criaram força e coragem para mandar para cadeia aqueles a quem tanto amaram ou até mesmo continuam amando.

Mesmo assim, a violência continua e a rainha do lar ainda tem que recorrer aos meios legais para poder viver em paz. Por que tudo isto continua acontecendo? Não já atingimos um nível de civilidade capaz de superarmos estes atrasos culturais?

Onde estará “o amor, o sorriso e a flor” e as noites enluaradas tão decantadas nos corações masculinos e depois tão rapidamente esquecidos? Os homens precisam renascer para a vida, somente assim poderão compreender a força e a indispensável necessidade da presença da mulher no planeta, equivocadamente, dito dos homens.

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* Texto do Jornal Notícias do Vale - edição 185
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Publicado por Jornalismo

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