Texto do internauta: Abanda: músicos e gestores culturais do Cariri rumo à Itália

Banda formada por meninos da Fundação Casa Grande fará intercâmbio promovido pelo Setor de Atividades Internacionais da Região Toscana.

Abanda teve sua origem ainda quando criança na bandinha de lata Os Cabinha , no laboratório de iniciação musical da Fundação Casa Grande e vem se dedicando desde então ao estudo instrumental de fusões rítmicas da cultura brasileira.

Cabinhas crescidos, os músicos de Abanda preparam-se para mais uma turnê internacional. Eles viajarão em cinco de outubro para a Toscana, na Itália, onde participarão de uma série de atividades relacionadas à programação inaugural do Teatro de Pontedera, cidade da região. Serão 15 dias no país, em que iniciarão o projeto de intercâmbio com os jovens italianos, aprendendo com a realidade local, e passando adiante os conhecimentos de gestores culturais adquiridos na Casa Grande.

Serão encontros com alunos de escolas de ensino Fundamental e Médio (Scuola Media 1, 2 e 3), além de audiências com prefeitos e secretários e prefeitos de cidades da região de Pontedera.
Dia 16 um momento especial: eles conhecerão o Teatro del Sale , em Florença, onde farão um recital para convidados.

Toda a passagem de Abanda pelo país será custeada pelo Setor de Atividades Internacionais da Região Toscana. O registro, em vídeo, será feito por Rodrigo Alves, de 11 anos, integrante da atual formação de Os Cabinha e da TV Casa Grande, onde é editor dos vídeos 100 Canal, veiculados no teatro da Fundação e pelo Centro Cultural Banco do Nordeste.



Histórico - Ainda empunhando guitarras e baixos de madeira, como cabinhas, os hoje integrantes de Abanda acompanharam o coreógrafo Ivaldo Bertazzo na turnê do espetáculo Mãe Gentil, na qual se apresentaram ao lado de Zeca Baleiro. A convivência com a música "plugada" fez com que tivessem a curiosidade de aprender a tocar instrumentos de verdade, e assim surgiu a banda dos "mais velhos", que até 2008 era conhecida como Os Meninos da Casa Grande.

Já crescidos e plugados, dividiram o palco – algumas vezes o do próprio Teatro Violeta Arraes, na sede da Fundação, em Nova Olinda-CE – com artistas consagrados como Arnaldo Antunes, Lobão, Margareth Menezes, Jefferson Gonçalves e Gilberto Gil.

Ligados à composição de trilhas sonoras para os vídeos produzidos na TV Casa Grande, desenvolveram o espetáculo Trilhas U Som, com o qual excursionaram por cidades do nordeste, como Recife, Fortaleza, Natal e Salvador, além de duas passagens por São Paulo. Em 2006 os três Franciscos, Aécio, Hélio e Samuel, embarcaram para a Alemanha, onde se apresentaram na Popkomm, importante feira da indústria fonográfica mundial.

Utilizando a experiência multimídia que adquiriram na Fundação, os meninos aproveitam os ensaios do novo show para gravarem seu primeiro cd, no estúdio da instituição. Foi lá, também, que gravaram e editaram o documentário que apresenta da nova fase da banda, e que pode ser visto em www.myspace.com/aabanda, com tradução para o Italiano.


Sobre a Casa Grande - A Fundação Casa Grande é uma escola de gestão cultural localizada no sertão do Cariri, Ceará, e trabalha com quatro áreas: Memória, Comunicação, Artes e Turismo.

Nasceu oficialmente em 19 de dezembro de 1992, idealizada pelo músico Alemberg Quindins e pela arqueóloga Rosiane Limaverde, teve início em uma velha casa no município de Nova Olinda, Ceará, que havia pertencido ao avô de Alemberg, Neco Trajano. Esta foi reformada e passou a abrigar o Memorial do Homem Kariri, espaço que guarda o acervo arqueológico recolhido pelo casal em dez anos de caminhada e estudo na Chapada do Araripe.

A iniciativa gerou interesse das crianças que viviam na zona urbana da cidade. Elas foram se achegando, dando novas idéias e demanda para ampliação.

De forma natural, as áreas de atuação da Fundação foram aumentando, conforme eles sentiram a carência cultural da cidadezinha. Em 1998 foi anexado o prédio da primeira escola da cidade, o Educandário. Tornou-se a Escola de Comunicação da Meninada do Sertão. Em 2002, foi a vez do Teatro Violeta Arraes – Engenho de Artes Cênicas ser inaugurado. O fluxo de curiosos foi aumentando e a necessidade de um programa de turismo surgiu. Foram criadas pousadas domiciliares no fundo das casas dos meninos, administradas pela Cooperativa dos Pais e Amigos da Casa Grande (Coopagran). No total, são 10 pousadas com 40 leitos.

Memória, Comunicação, Artes e Turismo são hoje as áreas de abrangência da Casa Grande, que aos 15 anos de existência, chega à adolescência. Seus primeiros meninos já são adultos, trilham seu caminho paralelo e começam a levar seus filhos para brincarem no parquinho da Fundação. Os mais velhos ensinam os mais novos, sempre dispostos a ouvir.

Essa geração de jovens com formação de qualidade superior à encontrada na maioria das escolas regulares faz com que a instituição seja, além de um projeto bem sucedido, um marco histórico para a região em que está inserida.

Mais do que uma escola de comunicação, um centro cultural, ou uma instituição para crianças, a Casa Grande é hoje um laboratório de convivência social onde aprende-se a ter responsabilidade sem perder a alma infantil. Ou, como Alemberg bem resumiu: "Não queremos formar comunicadores, e sim futuros gestores do país".



Texto enviado por Tânia Peixoto
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Publicado por Jornalismo

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