Cedro. Há exatos 50 anos, em outubro de 1958, o pequeno comerciante Antônio Ferreira da Silva, mais conhecido por Bindá, era eleito pela primeira vez parlamentar neste município, localizado na região Centro-Sul do Ceará. Meio século depois, o fato se repete pela quinta vez, mas com um detalhe: Bindá é o vereador eleito mais velho do Brasil, aos 89 anos. Obteve 904 votos, pelo legenda do PSDB.
Antônio Bindá tem uma vida dedicada ao comércio e à política. Nasceu no Sítio Taquari, zona rural de Cedro, e ainda criança ganhou o apelido do pai, Joaquim da Silva. Trabalhava na roça. “Limpava o roçado, fazia cerca, plantava e colhia”, recorda. “Meu pai fez um esforço para me mandar para a cidade porque eu não tinha força suficiente para enfrentar o trabalho pesado da agricultura”, reconhece.
Na cidade de Cedro, inicialmente trabalhou com o tio, Azarias Diniz, numa mercearia. Dois anos depois retornou para o sítio, onde aprendeu a profissão de barbeiro. “Ninguém me ensinou, aprendi olhando os outros trabalharem”, disse. Comprou uma tenda e aos domingos cortava cabelo na zona rural. Decidiu voltar para a cidade, mas ficou pouco tempo na profissão. Vendeu a barbearia e colocou uma bodega.
Depois surgiu sociedade com o primo José Clementino, em uma loja de tecido. Em seguida, resolveu ser novamente comerciante sozinho e abriu uma mercearia, onde permanece até hoje, no Centro da cidade. Bindá foi eleito vereador três vezes seguidas na década de 1960 e depois passou a trabalhar para eleger sobrinhos e a esposa, Dalva Nazaré Nogueira. “Nunca perdi uma eleição”. Ele exerceu por várias vezes a presidência da Câmara e também já foi vice-prefeito. “Neste ano, procurei alguém para apoiar, no nosso grupo político, mas ninguém quis”, contou. “Eu não estava mais cogitando, mas resolvi me candidatar e fui eleito pela quinta vez”. Qual o segredo do êxito político? Bindá responde: “Tenho sorte. Deus me ajuda e parece que nasci para fazer política”.
Tranqüilo, Bindá não faz política enfrentando e criticando os adversários. “Não gosto de agravar ninguém”, diz. Por onde passa, as crianças repetem várias vezes o seu apelido. “Estava confiante na vitória, visitei todos os sítios e casas na cidade. Se Deus me der saúde enfrento uma nova eleição. Vou reivindicar melhores estradas rurais e apoio para a agricultura e para o comércio”.
Matéria do Jornal Diário do Nordeste, parte Regional (09/10/2008).
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