A homenagem, que acontece no dia
10, a partir das 14h, contará com palestras, mesa redonda e a exibição
do documentário “Francisca Clotilde uma história de amor e de lutas” da
emissora TV Assembleia.
PADARIA CULTURAL Francisca Clotilde é mulher de sinuosos caminhos, recuperados
aos poucos e não completamente desvendados. Nasceu na Fazenda S.
Lourenço em São João dos Inhamuns – hoje município de Tauá –, em 19 de
outubro de 1862.
Seus escritos estão registrados em panfletos,
almanaques, brochuras, revistas, jornais e nos livros que publicou,
concretizando em mais de cinco décadas um largo programa de escrita. A
imprensa era seu lugar, no Ceará que via mais de uma centena de jornais
circulando e agremiações culturais e literárias em atividade, nas
últimas décadas do século XIX. Por algum tempo, utilizou o pseudônimo
Jane Davy.
É na urbanidade e na modernidade em construção na capital cearense que a
leitora Francisca Clotilde transita, no gabinete de leitura, nas
livrarias, nos jornais, nos clubs literários, nas tertúlias. Constrói-se
como leitora-escritora e escritora-leitora na convivência com outros
autores e também com seus alunos, que estudavam nos colégios que fundou e
onde lecionou. Foi, aliás, a primeira professora da Escola Normal, em
1884. Em 1886, tornou-se a única sócia efetiva do Club Literário, do
qual participavam intelectuais como Rodolfo Teófilo e Antônio Bezerra.
Trechos de escritos de Francisca Clotilde [poema abolicionista "A Liberdade", publicado em 1882 no jornal Gazeta do Norte]
Somem-se as trevas horríveis
Além desponta uma luz
É a liberdade que surge
Nos horisontes azuis.
Dos lábios puros de um mártir
Nasceu repleta de luz
Traz em seus lábios a paz
É santa... Vem de Jesus!
Tem por preceitos sublimes
Além desponta uma luz
É a liberdade que surge
Nos horisontes azuis.
Dos lábios puros de um mártir
Nasceu repleta de luz
Traz em seus lábios a paz
É santa... Vem de Jesus!
Tem por preceitos sublimes
TRABALHOS Francisca Clotilde colaborou em grande número de periódicos de matriz operária, literária, abolicionista, republicana. Escreveu para os jornais Cearense [1877-1884], Libertador [1881-1891], Revista Contemporânea [1884], A Quinzena [1887-8], A Evolução [1888-1889], Gazeta do Sertão [1893], Ceará Ilustrado [1894], Iracema [1895-1900], O Combate [1896], A República [1896-1901], A Fortaleza [1906] e Folha do Commercio [1911], entre outros.
Também participou do Almanach do Ceará, entre 1897 e 1919, e teve seus textos publicados no Almanach das Senhoras Brazil/Lisboa [1911]. Figurou, ainda, em jornais de vários estados, com destaque para A Família, de São Paulo [1881-1883] e Rio de Janeiro [1883-1897]; e A Mensageira [1897-1900], também paulista.
Cultivou nestes espaços a prosa, a poesia e a não-ficção, em contos, crônicas, artigos, crítica literária, teatro, traduções, charadas, anúncios.
Não obedeceu rigorosamente ao cânone – Clotilde se insurgiu discretamente contra a escola realista, em voga no último quartel do século XIX, e se afirmou romântica. Não se contentou com os rodapés e publicou os seguintes livros: Coleção de Contos [1897], Noções de Aritmética [1889], os dramas Fabíola e Santa Clotilde [s/d].
Mas foi o romance A Divorciada, de 1902, sua obra mais conhecida. Já a brochura Pelo Ceará [1911] revela uma mulher republicana, que exalta a pátria e toma partido no amplo movimento de oposição à oligarquia aciolina, lançando uma série de artigos favoráveis à candidatura de Franco Rabelo.
Nas primeiras décadas do século XX, dá vida a um longevo projeto literário e educativo na imprensa cearense: a revista A Estrella, que reuniu uma ampla rede de assinantes e colaboradores, estendendo-se por vários lugares do País de 1906 a 1921.
Como diversas moças de seu tempo, Francisca Clotilde fascinava-se com os romances e folhetins, seus enredos repletos de reviravoltas, cenários idílicos e sentimentos exacerbados. E, como poucas em sua época, utilizou o espaço de jornais e revistas para publicizar e perenizar sua visão de mundo.
* Com informações da Secult
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