A essência da Festa da Boa Colheita ou tradição dos Caretas

Folclórica tradição centenária oriunda dos costumes do homem do campo nordestino, que comemora a boa colheita advinda durante o período da Semana Santa.

Porém, com o passar dos anos, aos poucos essa manifestação cultural está perdendo as suas verdadeiras essências e animações, por falta de apoios e incentivos culturais em nosso município.

Ao contrário de outros municípios cearenses que ainda mantêm vivas as essências e as raízes desse folclore dos povos agrícolas, com verdadeiros espetáculos tradicionais que unem a tradição com a beleza popular.

Como já salientamos, a Festa da Boa Colheita ou tradição dos Caretas, é uma reminiscência folclórica antiga surgida no século XIX, a partir dos hábitos e crenças do homem do campo que em clima de festa e, sobretudo, por ocasião da boa colheita, retiravam os seus espantalhos de suas plantações.

Eles mascaravam-se, vestiam-se com saias de ramos secos de bananeiras, com enfeites de farrapos de tecidos velhos, e saíam pelas ruas em cortejo ao espantalho, pedindo esmolas para o mesmo, pois se tratava de uma época abundante, de boa colheita, de riquezas agrícolas.

Portanto, o povo lavrador neste período tinha o que dar para a realização da festa. Os Caretas dançavam forró com alegria e contentamento pela colheita bem sucedida.

E também, uma forma de alusão ao velho espantalho que havia vigiado a plantação, cognominado de "Pai Véi", rotulado mais tarde de Judas Iscariotes, por causa do personagem bíblico partícipe da narrativa da Paixão de Cristo na Semana Santa, semana na qual procede a festa. Chegado o dia da festa, era formado um grande círculo no chão com uma estada gravada no centro do mesmo, com o espantalho suspenso na extremidade da estaca.

Os donativos arrecadados eram postos aos pés do espantalho e, aquele que ousasse invadir o círculo e tentasse roubar para si um dos donativos que foram doados ao boneco, ao "Pai Véi" [em sentido simbólico], caso alguém conseguisse roubar, o donativo era seu por direito.

Porém, tinha que dar um jeitinho prático e ágil para se livrar das chicotadas dos Caretas que ali estavam em guarda para protegerem dos invasores, aquilo que era propriedade do "Pai Véi", simbolizando a fartura abundante da época.

Isso despertava a cobiça de alguns, e as máscaras, os trajes com trapos e chocalhos serviam para assombrarem esses males. Todavia, tudo era realizado em forma de brincadeira, e o boneco também conhecido por "Judas" era executado no final da festividade.

Enquanto criança, tive a oportunidade de participar dessa brincadeira... Bons tempos que não voltam mais, mas ainda sonho em um dia revigorar esse folclore dos Caretas, tornando-o uma grande manifestação popular com muito forró pé-de-serra e tudo mais, em nosso convívio icoense.


* Fonte de pesquisa: Experiência, história oral e senso-comum

** Texto escrito e imagens de Luan Sarmento, em seu blog "Icó Arte Barroca"


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Imagens: 04 e 05 de Abril de 2012
ICÓ [CE]
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Publicado por Jornalismo

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