Práticas Educativas do Novo Milênio: Novas Didáticas e Novos Papeis *

Durante décadas, a prática docente foi guiada por paradigmas tradicionais. Com isso, o processo de ensino e de aprendizagem ocorria em função da recepção e, sobretudo, da reprodução de conteúdos, concedendo primazia à abordagem de conteúdos de cunho teórico e conceitual.

O aluno, nesse contexto paradigmático, era concebido como "um sujeito passivo, que recebe as instruções de um professor que supostamente sabe o conteúdo a ser ensinado e como num passe de mágica transfere-lhe esse saber" [XAVIER, 2007, p. 4].

Dentro dessa perspectiva, ao aluno era atribuído um papel passivo, que se restringia ao ato de reproduzir as falas/ discursos dos grandes/ renomados autores dos livros didáticos e do professor. Em outras palavras, "o professor fala e o aluno escuta. O professor dita e o aluno copia.

O professor decide o que fazer e o aluno executa. O professor ensina e o aluno aprende" [BECKER, 2001, p. 16]. Ainda com base nessa linha metodológica, não ocorria a prática da interação na relação entre o discente e o docente, na medida em que ambos não eram concebidos como interlocutores.

Nesse processo de ensino e aprendizagem, o aluno deveria abdicar de seus posicionamentos diante dos argumentos inquestionáveis do professor. "Tudo que o aluno tem a fazer é submeter-se à fala do professor: ficar em silêncio, prestar atenção, ficar quieto e repetir tantas vezes quantas vezes forem necessárias, o que o professor deu" [BECKER, 2001, p. 18]. Essa postura esteve presente durante décadas no processo de escolarização brasileiro, alçando, assim, o ensino e o educando a um papel reprodutório.

Em face desse contexto educativo, na década de 80, tem início uma serie de estudos no Campo das Ciências da Educação [Pedagogia], no Campo das Ciências da Linguagem [Linguística], no Campo da Filosofia, da Psicologia [Psicologia e Psicologia Cognitiva] e da Sociologia, conforme ressalta Albuquerque [2006].

Todos esses campos de investigação contribuíram para o surgimento de novas práticas educativas e pedagógicas. Em outras palavras, à luz desses estudos, surgiram, nos últimos anos, novas estratégias de ensino. Um aspecto primordial que não pode deixar de ser abordado, nesta escrita, acerca desses novos paradigmas educacionais, diz respeito ao fato de eles terem ocasionado o surgimento não só de novas práticas de ensino, mas também novos papeis para os sujeitos envolvidos na construção social do conhecimento [KOCH & ELIAS, 2006].

O que ocasiona uma intensa alteração nas relações tradicionais de ensino. Surgem, agora, novos papeis e funções sociais. Primeiramente, abordamos a mudança na função social do docente. O professor não é mais aquele que detém o conhecimento, repassando-o para o aluno de forma dogmática. Dito de outra forma, o professor não é mais aquele que detém um conhecimento absoluto e dogmático [que não admite questionamentos], mas aquele que organiza a articulação entre o saber e o aluno.

Nessa perspectiva, o professor é alçado à condição de mediador, deixando de lado a postura de transmissor de conteúdo e, por conseguinte, assumindo o papel de orientador e de estimulador na construção do conhecimento do aluno. Este, por sua vez, assume um papel ativo na construção social do conhecimento [KOCH & ELIAS, 2006].

Esses novos paradigmas aplicados ao campo educacional, surgem novas metodologias de ensino que têm como objetivo levar o educando não só a compreender conteúdos teóricos, mas, sobretudo, a aplicar tais conteúdos no âmbito social. Com isso, o ensino passa a giram em torno de uma concepção de ensino enquanto elemento de conscientização, o que, por sua vez, promove a ampliação da visão de mundo rumo à transformação social desse novo aluno que é alçado à condição de sujeito ativo [KOCH & ELIAS, 2006].

Referências:

ALBUQUERQUE, E. B. C. . Mudanças didáticas e pedagógicas no ensino da língua portuguesa: apropriações de professores. Belo Horizonte: Autêntica, 2006.

BECKER, F. . Educação e construção do conhecimento. Porto Alegre: Artmed, 2001.

KOCH, I. G. V.; ELIAS, V. M. . Ler e compreender: os sentidos do texto. São Paulo: Contexto, 2006.

XAVIER, A. C. As Tecnologias e a Aprendizagem (re)Construcionista no Século XXI. Hipertextus Revista Digital, Recife, v. 1, 2007. Disponível em: http://www.hipertextus.net/volume1/artigo-xavier.pdf. Acesso em: 10 jan. 2010.


* Texto escrito e enviado por Silvio Profirio da Silva - Estudante de Letras pela Universidade Federal Rural de Pernambuco [UFRPE]
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Publicado por Jornalismo

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