
Assim iniciamos a segunda matéria especial sobre o ano comemorativo do Teatro da Ribeira dos Icós, que completa 150 anos de um grande espetáculo.
Em estilo neoclássico e formato italiano, cujo espaço é constituído em forma retangular, com três lados fechados ao público, que vê o espetáculo por meio da boca de cena, o espaço tem capacidade para cerca de 230 espectadores. A partir destas características, foi construído em 1860 pelo médico francês Dr. Pedro Théberge, radicado em Icó, com seus próprios recursos.
Apesar de contundente confirmação da data, pairam algumas dúvidas da documentação inexistente da época de construção oficial do Teatro. Mesmo com a dúvida, é certo de que para deixar o espaço pronto demandou-se um grande trabalho, dadas as circunstâncias de no sertão nordestino a escassez de material de construção em comparação ao litoral.
Junte-se ainda a isso, que, confirmadamente, o idealizador Pedro Théberge morreu em 8 de maio de 1864, conforme o texto "Extrangeiros e Ceará" do Instituto do Ceará. Portanto, a realidade confirma que o Teatro de Icó realmente teve a construção se não terminada, iniciada em 1860.

O Teatro da Ribeira dos Icós é um teatro de câmara, ou seja, dispõe de um espaço pequeno na boca de cena, local dos espetáculos e apresentações.
O termo 'Câmara' ou 'Câmera' tem a mesma origem da palavra 'Câmera fotográfica' e tem por sinônimo 'sala', 'quarto', exemplos de pequenos espaços.
Por ser a primeira construção teatral do Ceará, portanto o pinoeiro, e ter características singulares, o Teatro Municipal de Icó forma a tríade dos teatros-monumentos cearenses, juntamente com o Teatro São João (Sobral) e o Teatro José de Alencar (Fortaleza).
CIÚMES DE ARACATI - Para se ter uma ideia da força que representava um aparelho cultural para uma cidade, então vila, na época, trazemos um trecho do Jornal "O Aracati", da cidade de mesmo nome cuja rivalidade com o Icó era latente nos tempos idos.

A disputa no Ceará se polarizava entre Aracati, Sobral e Icó, sendo que apenas o Icó representava o interior e sua pujança comercial. Jamais iria o povo e políticos aracatienses admitir que o Icó estaria acima, e, inevitavelmente, as críticas a falta de um teatro apareceram.
Quer mais um exemplo? Novamente o Jornal "O Aracati", já em outubro de 1860, afirma: "O teatro é uma escola de civilização, não somos nós os primeiros a dizê-lo. Nele se corrigem os costumes, e se faz nascer no povo o gosto que ameniza o trato e sem o qual não pode haver perfeita sociabilidade. A existência de um teatro convenientemente dirigido é, portanto sempre um benefício, que se faz ao público; e digno de louvores, quem fornecesse aos habitantes de uma cidade tão útil e agradável distração."
A partir do explanado, vemos quão é importante a criação e utilização deste espaço, o teatro, como fomentador e semeador de educação e cultura. Para terminar o caso de Aracati, o fato é que o teatro esperado por eles não saiu na época de 1860, por conta de uma grave crise econômica, com a falência de várias casas comerciais, e a Cólera local, assim com o Icó.
O diferencial aí é que no caso de Icó os recursos foram do próprio Pedro Théberge, enquanto o de Aracati viria por recursos de um grupo da sociedade.
O certo é que, com o "Teatro da Ribeira dos Icós", teve início o 1º ato cênico do Ceará!
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