Nietzsche e os valores: "Humanos demasiado humanos"

Nietzsche na sua reflexão filosófica propõe um questionamento profundo sobre os valores e sua gênese. Afinal, qual a origem dos valores? Como se procedeu sua formulações?

No que se refere à educação, o filósofo reflete sobre três tipos de egoísmo que a educação na sua época estava conduzindo: egoísmo que denomina dos comerciantes, espírito do capital que não faz nada sem atingir seus objetivos; egoísmo do Estado que procura uma certa igualdade dos fracos, “uma igualdade de pessoas menores totalmente dominadas pelas determinações dos partidos, dos governos, enfim da burocracia”. (SEVERINO, Antonio Joaquim:2008) e o terceiro egoísmo seria o da ciência, onde se confunde a cultura apenas como avanço do progresso científico.

Quando reflete especificamente sobre os valores sua instigante proposta é de estabelecer a criação dos valores de forma humana e atribuição aos deuses para que os mesmos pudessem estar legitimados e tornando-se “divinos” ganham status de “inquestionáveis”.

A crítica ao cristianismo realizada por Nietzsche porque o cristianismo teria enfatizado o lado fraco e extremamente submisso do espírito humano. Foram forjadas virtudes que poderiam em muitos ser questionadas em profundidade.

Ele procura entender o processo da genealogia da moral. O cristianismo em muito teria colaborado para possibilitar a educação de “ovelhas” em um rebanho e fáceis de serem manipuladas porque simplesmente obedecem.

“Deus está morto!” é talvez uma constatação do filósofo e como pesquisador estes dias liguei a TV depois das 23 horas da noite e a impressão que tive apesar de vários programas abordarem temas religiosos é que talvez se exista um “deus” seja o dinheiro. Nenhum dos líderes religiosos deixou de abordá-lo quase como uma prova da fé no “Deus” “Real”.

Humanos demasiados humanos, os valores! E justamente por serem humanos é que podemos constantemente estarmos refletindo sobre os mesmos e relaborando-os. O importante talvez seria resgatar a coerência da vivência religiosa: num país onde uma grande maioria se afirma cristão, outros “converteram-se ao Senhor”, mas ainda há pessoas que passam fome porque não há um mínimo garantido a todos.

Não dizemos aqui em mais tantas bolsas, mas numa promoção humana real que conduza pessoas a um processo de dignidade humana e independência.

Portanto, o niilismo decorrente da reflexão da origem dos valores nos instiga a pensarmos não na pura destruição de valores e sim numa investigação da origem dos mesmos e na formulação de novos valores, mostrando assim que os mesmos justamente porque foram criados humanamente podem ser novamente reformulados.

Falando assim, um dia desses um acadêmico me perguntou: “afinal, o que existe de realidade, de fato?”, estou pensando.. mas para Nietzsche não há fatos, apenas interpretações...


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* Texto escrito e enviado por Fábio Antonio Gabriel - Professor colaborador do curso de Filosofia (UENP/CCHE); membro do GEPFES - Grupo de Estudos e Pesquisas em Filosofia, Educação e Sociedade; fabio.gabriel@brturbo.com.br www.mundofilosofico.com.br; www.infonortepr.com.br
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