Artista por vocação; pintor por profissão *

* Jornal Folha do Salgado - Edição 216

Biro Biro conquista cada vez mais espaço na área comercial e mostra que tem uma vida dedicada às artes

Artista plástico por vocação e pintor de painéis comerciais por profissão para o sustento da família. Assim, Ariston Gledson Moreira Borges, conhecido por Biro Biro, conquistou espaço e clientela, nesta cidade, na região Centro-Sul do Ceará.

Os seus trabalhos, quadros, retratos, banners, maquetes de sobrados e igrejas ganharam divulgação e estão espalhados nas residências, em fachadas de lojas e em exposição permanente no Centro Dragão do Mar.

O ateliê, localizado no centro histórico de Icó, em meio a sobrados e igrejas antigas e casario, é dividido com um sócio, que tem nome de cantor conhecido nacionalmente, Fábio Júnior Teodósio Nunes, está sempre cheio de encomendas. A unidade de artes começou há oito anos e dá sinais, em face da versatilidade dos produtos que oferece ao público, de que terá vida longa.

Para Biro Biro, somente a pintura de quadros em seus diversos gêneros não permite ao artista sobreviver no Interior. “O público que aprecia arte no sertão é muito limitado, por isso, só pinto quadros por encomendas”, disse. “É preciso buscar alternativas e encontrei na pintura comercial e na profissão de professor, o meio de sobrevivência com dignidade”.

O nome artístico vem de um apelido do tempo de adolescência, quando usava cabelo louro, cacheado e comprido, semelhante ao então jogador, Antonio José da Silva Filho, o Biro Biro, atacante do Corinthians, que obteve muito prestígio e sucesso na década de 1980.

O tempo passou, mas o apelido permaneceu. E foi na adolescência que Biro Biro descobriu que tinha talento e levava jeito para a pintura. “Na infância, pintava os heróis das histórias em quadrinhos, Capitão América, Pato Donald, Pateta”, relembra. “Fazia tudo por prazer, por brincadeira”.

Não tardou para os colegas e até os professores perceberem o dom artístico e a facilidade que Biro Biro desenhava e pintava, com lápis de cores, giz de cera e pincéis. “A professora Ana Gondim cuidava da biblioteca municipal e dava lápis, pincel, papel e deixava a gente pintar a vontade”, disse. “Mesmo sem noções técnicas, fui aperfeiçoando o meu traço”.

No Teatro da Ribeira dos Icós surgiu a oportunidade de aulas de desenho artístico. Lá estava o adolescente, Biro Biro, todas as terças e sextas-feiras. Na escola de ensino fundamental, Vivina Monteiro, Biro-Biro era disputado pelos colegas e corpo docente. “Na verdade, eu era explorado e a turma pedia para eu fazer cartazes, capas de trabalho, desenho de corpo humano, acidente geográfico”, contou. “Era sobrecarregado, mas recebia muitos elogios”.

O gosto pela pintura cresceu e Biro Biro começou a fazer pinturas de quadros, tendo as paisagens e natureza morta como principais motivos. Dividia a tela com os estudos. Concluiu o curso Técnico Agrícola, na Escola Agrotécnica Federal de Souza, Paraíba. “Era o pintor da escola, mas não recebia nada por isso”. Depois, concluiu Licenciatura em Português, pela Universidade Vale do Acaraú (UVA).

Biro Biro sempre procurou aperfeiçoamento para a arte de pintura. “Na região, a oferta de cursos técnicos é reduzida, mas os que apareceram procurei fazer”, disse. O artista coleciona vários certificados e recorda de alguns, ofertados pela unidade do Senac, em Iguatu, pela Secretaria da Cultura do Estado e dos professores, Ivone Carvalho e o português, Raul Felisberto.

“Meu sonho é fazer um curso de Belas Artes”, disse. “Sou alucinado por isso”. Biro Biro defende com rigor a formação técnica e acadêmica. “Não basta ter apenas vocação, talento, e preciso aperfeiçoar o dom artístico”, frisou.

Atualmente, Biro Biro é professor de arte no projeto AABB-Comunidade, para crianças e adolescentes de 7 a 17 anos, e está selecionado para ser monitor do programa ProJovem, do governo Federal, em Icó. “Gosto de ensinar, trabalhar com alunos, repassar as técnicas que aprendi”, disse. “No Interior, há muitos talentos, mas que precisam de apoio, de incentivo para se desenvolver”.

O dom artístico de Biro Biro tem como legado e inspiração, o trabalho do pai, Francisco Borges, conhecido por Messias, marceneiro, que fazia móveis para as famílias da Ribeira dos Icós. “Sempre acompanhava papai e achava bonito os móveis que ele fazia, o jeito dele trabalhar, cortar a madeira e dá o formato que precisava”, recorda. “Fez o altar da igreja Matriz e vários oratórios, que estão espalhados por aí”.

Biro Biro fala do pai com orgulho e lembra que veio dele a inspiração para a confecção de maquetes de sobrados e do casario histórico de Icó. Várias dessas peças estão em exposição permanente no Centro Dragão do Mar, em Fortaleza.

Além dos quadros e da pintura de painéis comerciais, Biro Biro e o sócio Fábio Júnior dedicam-se a arte decorativa de praças e ruas por ocasião de festas populares. No ano passado, a decoração do Forricó, no Largo do Theberge, foi feita pela dupla de artistas.


Mais informações:
Atelier de Artes
Rua General Piragibe, 2136

Fone: (88) 3561. 2409 e (88) 9242 - 2331

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Publicado por Jornalismo

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