As inversões naturais (Editorial Jornal Notícias do Vale)

Desde que o homem se enfiou por esta estrada de construir mais e mais bens de consumo para uma população cada vez mais carente no trabalho de consumir, que o planeta vem se ressentindo com as mudanças provocadas no ordenamento natural da vida. Gazes, em toneladas, são jogados para o ar e contaminam as camadas protetoras da terra, causando desequilíbrio em suas funções ecológicas e transformando todas a lógica natural das coisas.

Dessa forma é que estamos acompanhando as inversões climáticas que transformam terras secas em alagadas e antigas paisagens verdes e floridas em ameaças de desertificação. No Brasil, país de extensão continental, é possível presenciar bem os fenômenos que estão se sucedendo de forma incompreensível aos olhos dos observadores e mais ainda da população incrédula que de forma empírica não tem condições de avaliar o tamanho do estrago já causado ao planeta e as formas como ele vem reagindo.

O norte do Brasil sempre foi o paraíso das águas, principalmente na vasta região amazônica sempre vista como pulmão do mundo em função da exuberância de suas florestas e da imensidão de rios e igarapés que cortam suas matas.

Agora, todavia, está demais. Por anos seguidos que a precipitação chuvosa tem levado desassossego e preocupação para os moradores da área e até mesmo para os bichos que necessitam de adaptação à situação nova, mas a situação está sendo crescente.

Andando de lá para cá, Maranhão, Piauí e norte do Ceará estão cobertos por água de chuvas que já transbordaram todos os reservatórios e agora se espalham pelas cidades. Famílias em baixo de água, riquezas e vidas se perdendo e um rastro imenso de prejuízos para a esteira da economia pública. Vale lembrar que tudo isto está acontecendo já na metade de maio, quando historicamente a temporada de chuvas já deveria estar no fim.

Na outra ponta do Brasil, no sul, a situação está completamente invertida e plantações se perdem por falta de água, os criadores se desesperam e até mesmo o famoso carro pipa que é uma invenção da seca nordestina agora é companheiro inseparável de várias cidades do rico e verde Rio Grande do sul.

Em Icó a situação também é grave. Embora com o rio Salgado sob controle, mesmo assim, a estrutura municipal se foi. Não há estradas para qualquer parte do município que seja considerada razoável e chegar à sede está sendo um tormento.

Regiões distantes como a Serra de Pedrinhas ou o Vale do Capim Pubo, até a divisa com Rio Grande do Norte e Paraíba, estão sofrendo muito com a falta de assistência médica e até mesmo pelo risco generalizado de desabastecimento.

O município de Icó, por sua extensão territorial, necessita de muito apoio dos governos estadual e federal para que a vida da municipalidade possa voltar ao normal. A própria cidade padece pela falta de infra-estrutura urbana. Falta pavimentação em ruas, esgotamento sanitário e obras de drenagens.

Tudo isto leva muito dinheiro que o município não tem como arcar. Todos que podem influenciar devem estender as mãos e ajudarem. Esta é uma boa hora para que se possa ajudar a construir e depois acompanhar e cobrar.
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* Texto do editorial do Jornal Notícias do Vale - Edição 191
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Publicado por Jornalismo

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