A história nos monta e conta um passado que explica o hoje, e falar da cultura e força do Cariri e não citar o Icó é pecado certo. Por isso, trazemos o editorial do Jornal do Cariri desta semana, que traz o especial "Grandes Nomes do Cariri". Dentre eles, não poderiam falta grandes figuras icoenses.Mas o Icó no Cariri? Poderiam perguntar. Historicamente o Icó sempre foi grande, tomando terrenos extensos do Sertão Central e Inhamuns, Vale do Salgado e Cariri, onde Iguatu, Orós e diversas cidades faziam parte de Icó também. Confira o editorial abaixo:
" O JC (Jornal do Cariri) lança a segunda edição do vitorioso projeto "Grandes Nomes do Cariri". Em uma série de matérias documentais e históricas, o jornal expõe a vida de homens e mulheres que marcaram (e ainda marcam) a vida e da vocação universal do Cariri cearense.
O primeiro nome da nova série é o Barão do Crato, que, apesar do título, não era do Crato, mas da então poderosa cidade do Icó, dedicada à Nossa Senhora da Expectância. O barão recebeu o título por lealdade ao ministro Zacarias de Goes e Vasconcellos, líder do Partido Liberal, seu antigo colega de Faculdade de Direito em Olinda e companheiro de lutas políticas pela ala progressista.
O baronato era uma afronta a seu principal adversário, o Barão do Icó, posteriormente feito Visconde, pois não poderia permanecer no mesmo nível de nobreza que seu inimigo. A escolha do Crato foi pela proximidade a Icó e pela circunstância de ser uma grande cidade, o que daria ao título maior pompa e circunstância.
O caráter simbólico do título, um dos poucos existentes no Ceará durante o Império, levou o nome do Crato à História da nobreza imperial. E, de certo modo, a abertura da segunda edição dos Grandes Nomes com essa personagem é uma forma de afirmar o sentido do projeto: divulgar o nome do Cariri por intermédio de seus grandes vultos históricos.
A grandeza de cada um dos homenageados servirá como exemplo às gerações atuais e futuras, além de estimular, pelo modelo de conduta, a valorização de ideais éticos, políticos, morais e culturais. Na pós-modernidade, na chamada "sociedade líquida", na qual os valores são tão plásticos quanto inconsistentes, nada melhor do que se possuir símbolos de dignidade e de temperança. É essa a ambição do projeto, é essa a finalidade da iniciativa.
A dificuldade em identificar aspectos positivos de nossa História é um mal dos b rasileiros. Após vinte anos de regime revolucionário, com seu esforço em construir uma História mítica e voltada para heróis distantes da realidade comum do brasileiro, seguiu-se um movimento de destruição e de contestação, cujo radicalismo também produziu frutos amargos.
É necessário atravessar essa tênue linha entre o ufanismo e o criticismo estéril. É com esse norte que o JC produzirá todas as matérias sobre os homenageados, carirenses de nascimento ou caririenses por adoção. O que importa é terem associado seus nomes, de uma maneira indelével, aos destinos de nossa terra.
É fundamental que as escolas do Cariri, públicas ou particulares, estimulem seus alunos à leitura do projeto "Grandes Nomes". A facilidade de acesso do JC, em sua versão impressa ou na internet, tornará a pesquisa agradável e manejável por todos.
Trata-se de uma oportunidade ímpar para os professores darem ênfase à História do Cariri, tão pouco divulgada nos bancos escolares, e para os alunos desenvolverem o sentimento de regionalidade, de autonomia e de identidade comum. Esse talvez seja o resultado mais nobre do projeto: permitir às crianças e aos adolescentes o conhecimento de seu rico passado histórico.
A lembrança da poderosa Icó, do século XIX, cujos líderes políticos, dentre eles o Barão do Crato, estendiam sua influência sobre grande parte do Cariri, especialmente Lavras e Telha (a moderna Iguatu), serve de exemplo para os dias de hoje. O poder político muda de mãos.
Em grande medida, a causa dessas transformações é a incapacidade das elites em enxergar as mudanças e em adaptar seus povos ao novo e ao imprevisível. Que essa dúvida sobre a capacidade de nossos líderes atuais também seja levantada e discutida. Para tanto, nada melhor do que observar o passado.
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