Pronaf é suspenso em Icó e Iguatu e é destaque em matéria do Diário do Nordeste

A situação de inadimplência de boa parcela dos produtores rurais diante do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), está dificultando o acesso de todos os agricultores da cidade de Icó e de Iguatu.

A liberação de crédito, feita pelas agências do Banco do Nordeste e do Banco do Brasil, está suspensa  há pelo menos 60 dias, segundo o gerente da agência do BNB, Eugênio Augusto de Almeida Neto, para a matéria do Jornal Diário do Nordete, caderno Regional, desta quarta-feira (11). Veja abaixo, toda a matéria:

" Centro-Sul - Bancos suspendem Pronaf

Em decorrência da inadimplência, o BNB e o Banco do Brasil suspenderam a liberação do Pronaf no Centro-Sul

Iguatu. Produtores rurais deste município enfrentam dificuldades de acesso ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). A liberação de crédito está suspensa nas agências do Banco do Nordeste e do Banco do Brasil em decorrência do elevado índice de inadimplência. No campo, os agricultores familiares estão desolados com a situação e aguardam com expectativa o retorno do financiamento.

O Diário do Nordeste, em 13 de setembro de 2008, publicou, no Caderno Regional, reportagem sob o título “Impasse no crédito agrícola”, mostrando as dificuldades dos produtores rurais de obter acesso aos recursos do Pronaf. De lá para cá, a situação agravou. A inadimplência do programa cresceu e os bancos resolveram suspender a concessão de financiamento rural.

De acordo com as regras do programa, quando a taxa de inadimplência é igual ou superior a 15% ocorre a suspensão das operações de crédito do Pronaf. A situação mais grave é na agência do Banco do Brasil, que está com um índice de 90% de financiamento em atraso.

Essa taxa atinge cerca de 700 operações de crédito realizadas nos últimos dois anos. “Estamos renegociando, mas o pessoal devedor não aparece”, lamenta o gerente local do BB, José Dárcio Camilo Pinto. “Esse é o principal motivo da suspensão da liberação de recursos do Pronaf”, conta.

Apesar do elevado índice de inadimplência registrado na agência local do BB, Dárcio Pinto garante que o produtor que mantém em dia o pagamento das prestações, obtém automaticamente novo crédito do Pronaf.

“A suspensão só atinge novos contratos e aqueles que estão em atraso”, explicou. “O Banco está trabalhando com ênfase no crédito agrícola responsável e o nosso foco principal é o programa Desenvolvimento Regional Sustentável (DRS) que vai atender a 481 famílias”.

Na prática, os agricultores esbarram com a suspensão do financiamento do Pronaf. Um grupo de 17 produtores rurais dos municípios de Iguatu e Quixelô tenta, há quase dois anos, obter financiamento do Pronaf, na agência local do Banco do Brasil. Os projetos foram encaminhados pelo Instituto Elo Amigo, instituição que trabalha com projetos de apoio à produção e também geração de emprego e renda no campo na área de Agroecologia.

Entrave -
A inadimplência da maioria dos produtores é o principal entrave para a liberação dos recursos, mas Dárcio Pinto também explica que questões cadastrais emperram o andamento dos projetos. “O produtor não pode ter operações em mais de um banco. Isso dá choque no cadastro”.

Os 17 projetos encaminhados pelo Instituto Elo Amigo para obter recursos do Pronaf são para diversas atividades: criação de ovinos, caprinos, suínos, apicultura, galinha caipira, produção de hortaliças e de frutas. Cansado de esperar pela liberação dos recursos, o grupo de agricultores procurou a agência local do BNB, mas também encontrou uma situação semelhante.

De acordo com o gerente da agência do BNB, Eugênio Augusto de Almeida Neto, o Pronaf está suspenso em Iguatu e também na cidade de Icó há pelo menos 60 dias. “O motivo é a inadimplência que está acima do nível permitido pelo programa, mas a nossa expectativa é de retornar a partir do próximo mês”, diz. “Não podemos revelar a taxa de inadimplência, mas estamos negociando com o grupo de devedores”.

Dificuldade - José Gomes Freire, 52 anos, é produtor de verduras, legumes e de frutas, no Sítio Itans, zona rural de Iguatu, e tenta há quase dois anos obter recursos do Pronaf para ampliar a horta e implantar moderno sistema de irrigação localizada. “Sou produtor ecológico, não uso inseticidas, e pretendo ampliar a produção. Infelizmente não consigo recursos do Pronaf”.

O jovem produtor de banana, Paulo Alberto de Souza, 23 anos, disse que obteve recursos do Pronaf em 2006, no Banco do Brasil, após uma espera de dez meses. Implantou uma unidade de produção de mel de abelha. O negócio deu certo. “Comecei com dez colméias e hoje tenho 40”, disse. Sobrinho de José Gomes, Paulo também aguarda recursos do Pronaf para implantar um moderno sistema de cultivo de banana.

Na localidade de Retiro, em Iguatu, o produtor Edval Matias de Souza, 63 anos, encontrou no plantio de caju uma alternativa viável de fonte de renda. Transforma o fruto em doce, rapadura, mel e também comercializa a castanha. Ele aguarda a liberação dos recursos do Pronaf para a compra de duas máquinas despolpadeiras e de um congelador. O gargalo no negócio está na falta de estrutura para beneficiamento e conservação dos frutos. “Todos os anos perco grande parte da safra”, disse Edval Souza.

Honório Barbosa
Repórter "

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Publicado por Jornalismo

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