O estado do Ceará possui 86,8% de sua área inserida no semi-árido brasileiro – o que significa um risco de seca maior que 60%, com solos rasos, com rocha matriz que dificulta a infiltração, rios intermitentes, altas temperaturas, insolação e evaporação intensas. A evaporação é tão alta que enquanto chove 800 mm/ano, a água evaporada pode chegar a 2.100 mm/ano. No Ceará 75% de seus terrenos estão sobre o cristalino que limita a acumulação de água no subsolo e a formação dos aquíferos.
As águas subterrâneas acumulam-se em fraturas de rochas, tem baixa produtividade e grande teor de sal. As principais acumulações de água subterrânea do Estado encontram-se na faixa costeira, na chapada do Apodi, na região do Cariri e na Serra da Ibiapaba.
Com este diagnóstico os poderes executivo e legislativo do Ceará estão buscando mobilizar a sociedade Cearense para aprofundado debate sobre o cenário atual dos recursos hídricos do estado, buscando conhecer seus mananciais, sua capacidade armazenadora e também a oferta e a demanda.
O conhecimento é de todos e assim deverá ser entendido no pacto das águas. Todos poderão emprestar suas informações e experiências para que se preserve e a água possa continuar sendo o grande bem de todos, garantindo o futuro das gerações vindouras.
Para trazer o assunto a Icó e dar continuidade ao diálogo, aconteceu na terça, dia 10, encontro no Teatro da Ribeira, promovido pela secretaria de meio ambiente e a presença de vários técnicos e interessados sobre o assunto. Yarley Brito da COGERH do Crato e Vandizia Sucupira da COGERH de Iguatu participaram em nome do pacto das águas.
O encontro foi aberto pelo secretário Ademir Maciel que manifestou sua preocupação com a sustentabilidade dos recursos naturais. Representando a Câmara Municipal o vereador Ítalo da Paz prometeu apoio parlamentar para o desenvolvimento de ações no município.
O deputado Neto Nunes, representando a Assembléia Legislativa, manifestou seu apoio a transposição das águas do São Francisco, mas disse que antes que a água chegue será preciso resolver o problema das áreas ribeirinhas e do tratamento dos esgotos das cidades que estão na bacia do Salgado.
O vice-prefeito Charles Peixoto, falando em nome do município, disse que é preciso resolver os problemas de abastecimentos para acabar com as atividades dos carros pipas.
No Ceará, segundo dados fornecidos pelo pacto das águas, mesmo com grandes e pequenos reservatórios, em total de 126 açudes e capacidade de acumulação de 17 bilhões de m³, mantendo vazão de 128,73 m³/s e utilização de 22% da capacidade para perenizar rios, abastecer cidades e promover a agricultura irrigada, ainda há grande disparidade no uso da água.
A distribuição é desigual e dos 8 milhões de habitantes do Ceará, perto de 3 milhões não tem acesso a água tratada e mais de 5 milhões não são assistidos com o tratamento de esgotos. Por outro lado cerca de 250 mil pessoas moram em lugares difusos, isto é, de forma isolada e de difícil atendimento.
Somente na bacia do salgado, 30 mil pessoas estão nesta situação e distantes da oferta regular de água. Segundo Yarley Brito, pode-se concluir que há oferta de água, mas há também grandes problemas com a distribuição. Brito alerta ainda que a água não vem sendo tratada para retornar aos rios.
“Na bacia do Salgado apenas Juazeiro trata cerca de 3
0% da água servida, todo o restante da bacia devolve ao rio a água sem qualquer tratamento”, disse o técnico. Vandizia lembrou que foi instalado na ponte do rio salgado sensor fotoelétrico para monitorar o volume de água e a precipitação de chuvas.Pediu que houvesse cuidado para que instrumento não seja danificado, pois será de grande importância para medir com precisão toda a água que passar por baixo da ponte.
O encontro terminou com a formação de comissão que representará o município no encontro regional que será realizado em Tauá, no próximo dia 26 de março.
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*Texto escrito por Getúlio Oliveira - Jornal Notícias do Vale (edição 185)
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