07 de fevereiro de 1957 e a Emancipação de Orós*


Em 1953, diversos cidadãos do distrito de Orós se uniram na busca da emancipação daquele distrito. Uniram-se os principais comerciantes do vilarejo, entre eles, José Fares Lopes, José de Mattos Leite (1° prefeito de Orós), Elcias Benevides, Antônio Valdevino da Costa e Miguel Paulino da Silva. No mesmo ano, o Deputado Federal Edval de Melo Távora enviou um parecer à Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, solicitando a realização de um plebiscito em Óros, Igaroi e Guassossé, a ver se os habitantes dessas localidades concordariam com a criação do Município de Óros.

No dia 12 de outubro de 1953, a Comissão de Constituição e Justiça aprovou, por unanimidade, o parecer, que logo foi enviado a Assembléia Legislativa do Ceará para que fosse determinada a realização do plebiscito.

No dia 16 de outubro começou a obstrução do Partido Social Democrático (PSD) à criação do Município de Óros; vários deputados do partido entraram com um requerimento solicitando o adiamento da votação. O adiamento foi orientado pelo governador do estado na época, Raul Barbosa (1951 – 1955). 

Após várias tentativas do PSD pela obstrução ao plebiscito, o mesmo foi aprovado, tendo sido criada uma comissão constituída por três membros: Newton Nogueira Fernandes, vereador e presidente do PSD no Icó, José de Almeida Pinheiro (Prefeito nomeado em Icó no período de 1936 a 1940), representante do PSP e José de Matos Leite, líder político do distrito de Óros e representante da UDN. O prefeito de Icó na época era Francisco Maciel da Silva (1951 – 1955), o mesmo passava vários meses fora do município, pois mantinha atividades comerciais no estado do Acre e quem exercia as funções de prefeito, na ausência do mesmo, era o Presidente da Câmara Municipal de Icó, que no período de 1953 e 1954, era Newton Nogueira Fernandes.

Os representantes do PSD e PSP icoense aliaram-se a causa da não realização do plebiscito, apreendendo títulos eleitorais, forjando petições a favor da não realização do plebiscito. Todavia, nas eleições de 1954 é eleito governador Paulo Sarasate, favorável a emancipação de Óros. No dia da posse do novo Governador, o povo de Óros fez passeatas com fogos e outras manifestações de apreço ao governador eleito. Em meio às festividades, surgiu um contratempo que resultou em uma tragédia, posteriormente.

O cidadão Antônio Marques foi preso por ter jogado uma bomba na área da residência do Sub-Delegado João Pinheiro de Moraes, abusando dos poderes que lhe davam a patente, prendeu e torturou Antônio Marques, o que levou os oroenses a revolta, chegando a arrebentar as grades da cadeia e soltar o preso. O Sub-Delegado recorreu ao policiamento da cidade de Icó, a fim de manter a ordem pública. Vieram em seu auxilio vários policiais, comandados pelo Sargento Artur Gomes Damasceno, que, após se inteirar dos fatos, resolveu prender os responsáveis pela “baderna”.

Foram levados à prisão do Icó os principais líderes políticos e comerciantes do Óros: Antônio Valdevino da Costa, Manoel Moreira Pequeno, Paulino Martins, José de Matos Leite, José do Monte Silva, Expedito Paulino da Silva e Manoel Clemente. Diante desse fato em 1954, não houve mais acordo de paz entre Icó e o distrito de Óros.

Em 15 de setembro de 1956, através de um decreto, o governador Paulo Sarasate sancionou e promulgou a criação de vários municípios, entre eles, Óros.

No dia 07 de fevereiro de 1957 foi organizada uma reunião com a presença dos Deputados Federais Virgilio Távora e Edval Távora, a fim de fundarem o diretório que trataria da emancipação do distrito. Antes de acabar à sessão, chega a Óros o prefeito de Icó, Newton Nogueira Fernandes (1955 – 1959), acompanhado do ex-sargento Artur Gomes Damasceno (segurança pessoal do prefeito) e dos fiscais da prefeitura Raimundo Lemos e Francisco Norberto Pinheiro.

Ao tomar conhecimento da presença do prefeito, acompanhado do ex-sargento, os líderes oroenses consideraram uma afronta a presença do autor de suas prisões, na localidade. Enviaram um recado a Dr. Newton para que fosse retirado imediatamente de Óros o ex-sargento Artur Damasceno, mas contrariando a vontade do povo, o prefeito permaneceu em Óros, na residência do Sr. Eudócio Cândido de Queiroz. Sabedores da permanência do ex-sargento na localidade, homens armados se dirigiram a Rua da Matriz, onde inevitavelmente se confrontaram em luta armada, em que foram assassinados de maneira covarde, o ex-sargento Artur Damasceno Gomes, Raimundo Lemos e Francisco Norberto Pinheiro, encerrando assim de maneira triste o processo de emancipação de Óros.

Em 04 de agosto de 1957 é realizada a primeira eleição para prefeito em Óros, elegendo-se José de Matos Leite. Em 01 de setembro de 1957, com a eleição do prefeito e dos vereadores, é instalado oficialmente o Município de Óros.

*TEXTO DE PAULO HENRIQUE AMANCIO AMORIM

FONTE: BIBLIOTECA PÚBLICA DE ICÓ. 
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