A população da cidade de Icó, 380km de Fortaleza, situada na região Vale do Salgado, vive dias tranquilos nesta temporada momesca: não tem mais carnaval, faz tempo!
A cidade calou seus tambores, seus foliões e a fuzarca promovida pela festa, assim como calaram as flores das Festas de Maio e o encanto mágico das Festas do Havaí que, como uma rosa que caiu do galho, deu dois suspiros e depois morreu, morreram também o baile do Réveillon, o baile do Dia de Reis, a semana do município e tantos outros folguedos populares com séculos de existência que vão mudando de datas, se diluindo, se dissipando. Muitos já nem existem mais, como é o caso da Cavalhada, um jogo medieval.
Junto com o calar da turba que gritava “Viva Zé Pereira!!” vem se calando todo diálogo com a alegria, com a beleza, com o nosso riquíssimo patrimônio imaterial e material. Estas perdas embotam a alegria de brincar os seus folguedos e minha gente vem perdendo a relação com a beleza e a alegria.
Faz mais de 30 anos que Icó marcha tangida por gestores ora insensíveis, ora inescrupulosos que grassam compondo um réquiem a nossa histórica Princesa dos Sertões. São 30 anos de completo Samba do Crioulo Doido com erário e a dignidade de nosso povo.
Isso, para qualquer comunidade, é algo mais danoso do que a explosão de uma bomba atômica, pois dana o individuo e o coletivo na alma e, sem esta anima, fica amorfo, sem capacidade de indignar-se, de recriar-se e, consequentemente, de mudar.
Que o som da Cultura ribombe alto e chegue longe, principalmente no coração dos que possam entoar um aboio para dar alento neste rebanho que foi paulatinamente massificado, mas que precisa, urgentemente, ter a auto estima estimulada e nada melhor que a Arte e Cultura para suscitar a alegria e o sentimento de pertença por um tesouro depreciado em seu valor e importância, por falta de informação e incentivo.
Nossa gente precisa conhecer-se e voltar a se achar belo e alegre e fazer suas festas, cuidar dos seus patrimônios, principalmente os que trescalem as essências de nossas Culturas e tradições.
Eu luto, minha alma é forte, mas sou “poucos”. Deus me ajude!
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* Texto enviado por Genildo Angelim
1 comentários :
Eu amo a cultura e amo nosso Icó. Parabéns Genildo, você é um lutador para resgatar nossa cultura que está indo embora de acordo com o tempo e cada governo, que só pensa em si próprio e não nos municípes. Vamos a luta meu amigo, para vencermos a batalha!! Icó é nosso e viva a cultura, nossa terra que é linda por natureza e abençoada por Deus.
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