O inverno finalmente mostrou seu lado alegre e esperançoso. Outra vez se pode sentir a animação daqueles que ainda vivem da terra e acreditam que as chuvas são sempre boas e trazem perspectivas de fartura.
A Emater, cumprindo o programa de safra familiar do governo do estado, distribuiu sementes e dosagens de otimismo para colocar energia nos agricultores que se dedicam, principalmente, a agricultura familiar, já que aqueles que plantavam em maior escala estão deixando de lado o oficio com o qual construíram famílias e ficaram conhecidos como produtores rurais.
As terras foram cortadas e plantadas com sementes selecionadas. A chuva caiu bem distribuída pelos dois mil quilômetros quadrados do município e certamente, em pouco tempo, já haverá um mundo de plantinhas balançando ao vento, regadas por chuva e sol.
A paisagem também mudou. Já nos primeiros pingos de chuva a terra ressequida se revestiu do verde mais esperanço que há. Quem não conhece o sertão do nordeste brasileiro e nunca conviveu com o fenômeno da sequidão proposital da caatinga, poderá dizer que isto tudo já se transformou em imenso deserto. Engano do apressado observador.
Ao cair as primeiras gotas do precioso líquido, os arbustos reconhecem que já podem gastar a energia acumulada. Soltam folhas verdes, os caules recebem nova roupagem para dizer que estão vivos e o que era sequidão se transforma em exuberante floresta com água escorrendo por todas as grotas.
Este milagre da vida é que torna este torrão nordestino e sertanejo cada vez mais apaixonante e a terra rejuvenescida guarda todas as substâncias para transformar sementes em arbustos. É o sal e o pão que brota da terra para o milagre da continuação da vida.
Os animais também cantam as novidades do inverso. Pássaros cantam, mudam penas, reproduzem e fazem seus ninhos nas galhadas do pereiros, marmeleiros e mufumbos. As vacas paridas encontram pastagens novinhas e saborosas para a reprodução do leite que animará o bezerrinho. Tudo floresce, tudo canta a alergia da criação.
Na cidade, todavia, nem tudo é tão bom assim. Com o descuido da municipalidade que não se mantém preocupada com o esgotamento sanitário e também com o escoamento das águas pluviais, a cada inverno as cidades viram um caos.
Em Icó, o centro comercial é o que mais sofre. Sem meios eficientes de escoamento e com a falta de consciência educativa da sociedade que transforma as ruas em lixeiros públicos, a cada chuva é um transtorno geral.
As ruas Francisco Maciel e Nogueira Acioli, principais artérias do centro comercial, ficam completamente alagadas com qualquer chuva. Os comerciantes ficam apreensivos com a invasão da água que deveria escorrer pela rua.
Os clientes não podem chegar aos estabelecimentos comerciais e tudo pára. A delegacia de polícia civil, bem como a residência do empresário Delci Barreto, que ficam na Rua Regente Feijó, em pleno centro comercial, como acontece sempre, foram invadidas pelas águas das primeiras chuvas e o transtorno foi geral, além dos riscos com doenças próprias da sujeira acumulada pelas ruas.
O inverno é sempre maravilhoso, mas já está mais que na hora da prefeitura de Icó realizar um plano de escoamento das águas. A Avenida Josefa Campos Monteiro tem um dreno que está coberto embaixo do canteiro central, mas depois de tantos anos deverá estar completamente assoreado e precisaria de reabertura e limpeza para permitir que as bocas de lobos das avenidas do centro comercial possam transportar as águas para que sigam em busca do rio salgado.
No Largo do Thebérge isto já acontece. Este projeto tem pressa, muita pressa, mas deveria ser feito no verão. Como este será o primeiro inverno vivenciado pela nova administração, pelo menos deverá haver o estudo da situação com mapeamento de todas as áreas críticas.
Este conhecimento será fundamental para a melhoria da vida da cidade, cada vez que as nuvens abrirem suas torneiras e o inverno anunciar sua chegada.
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