O abandono e a atual situação precária do Perímetro Icó-Lima Campos é destaque de capa do Jornal cearense Diário do Nordeste desta quarta-feira (12), e no caderno Regional. O que poderia ser o orgluho do Centro-Sul e Vale do Salgado, tornou-se uma obra carcomida pelo tempo e por falta de inciciativa da Prefeitura Municipal de Icó, Governo do Estado e Federal, onde não há parceria, muito menos incentivo para a revitalização deste espaço.
E para recuperar pelo menos parte da obra, no caso os canais, seria necessário investimentos na ordem de R$ 4,3 milhões. É uma situação que já foi abordada há tempos, inclusive aqui no Icó é Notícia, em um vídeo que mostra o abandono do Perímetro, bem como de outros locais, pelo poder público. E aqui traremos, mais uma vez, logo abaixo da matéria, o vídeo que demostra a atual situação do perímetro e demais locais em Icó.
Confira, NA ÍNTEGRA, a matéria do jornal de hoje, e abaixo, o vídeo, com a situação de abandono do que poderia ser o início do desenvolvimento desta terra de muitas riquezas, mas de nenhuma ação e visão de futuro.

Perímetro Icó-Lima Campos - Recuperação de canais exige R$ 4,3 milhões:
(Colonos do Perímetro Icó-Lima Campos amargam prejuízos e apontam que projeto pode ficar inviável)
Icó. O Perímetro Irrigado Icó-Lima Campos foi implantado em 1973 com a idéia de transformar a economia agrícola da região Centro-Sul do Ceará. Seria a redenção para centenas de pequenos produtores. Após três décadas e meia, o quadro é totalmente adverso. Hoje os colonos enfrentam a paralisação das atividades. A infra-estrutura é precária, canais quebrados, vazamentos, dívida com a Coelce superior a R$ 9 mil e apenas 30% das áreas de produção são irrigadas. Somente para recuperação de canais e lotes são necessários R$ 4,3 milhões.
Na última década, os problemas de infra-estrutura se agravaram. Houve investimentos na recuperação de parte dos canais, mas não foram suficientes para garantir a retomada da produção. A cheia do Rio Salgado, ocorrida no primeiro semestre deste ano, contribuiu para agravar a situação. Diques de proteção, parte dos canais e áreas de plantio foram destruídos. O quadro atual é de falência, baixa produção, infra-estrutura danificada e sem perspectiva de melhorar.
Os dirigentes da Associação do Distrito de Irrigação Icó – Lima Campos (Adicol) confirmam as dificuldades enfrentadas pelos colonos. “A situação é de muita gravidade porque a maioria dos lotes está improdutiva”, disse Expedito Lúcio de Lima, presidente da Adicol.
O perímetro foi implantado pelo Departamento Nacional de Obras contra a Seca (Dnocs) com o objetivo de produzir arroz, feijão, milho, hortaliças e frutas, além da criação de bovinos. Tem uma área de 10,5 mil hectares (ha). Desse total, 2,7 mil ha foram destinados para os lotes de produção, ficando o restante para reserva florestal, terras extras, canais, estradas internas, diques e áreas de moradia.
Atualmente, apenas 30% estão produzindo, cerca de 800ha de forma reduzida, arroz, feijão, banana e pequena área de goiaba. Essa é beneficiada por receber água por gravidade do Açude Lima Campos. O gerente da Adicol, José Weber Ferreira Carvalho, que desde janeiro passado assumiu a função, observa que o principal impasse é a escassez de água. “Esse problema se arrasta há nove anos. O sistema de bombeamento está paralisado e, para retomar o funcionamento, necessita de ajuda externa”.
O sistema de bombeamento está paralisado em face de defeito em algumas bombas e do acúmulo de uma dívida em torno de R$ 9 mil para com a Coelce. “Os produtores estão endividados, inadimplentes com os financiamentos agrícolas e não têm condições de efetuar esse pagamento”, observa.
Em outras ocasiões, esse problema já foi resolvido por meio de convênio e ajuda da Prefeitura, Governo do Estado e do próprio Dnocs.Carvalho prevê que até o fim do ano, as bombas defeituosas serão recuperadas, mas não poderão funcionar por causa da dívida para com a Coelce. Além disso, os canais estão com rachaduras, infiltrações e quebrados. “Isso provoca desperdício de água e aumenta as despesas e dificuldades”.

Os colonos da margem direita do Rio Salgado, onde estão os conjuntos Pedrinhas, GH 1 e 2, NH 2 e 3 e KL são os mais prejudicados. Ocupam quase dois terços do perímetro e, sem irrigação há nove anos, os lotes estão improdutivos. A situação agravou-se com a cheia do Rio Salgado em março passado. “Está tudo abandonado”, disse, em tom de tristeza, o produtor rural, Pedro da Silva, morador do NH 2. “Estes lotes eram a nossa esperança, mas tudo está terminando em nada”, disse o irrigante Francisco Diassis Cândido Linheiro. “Desde 2001 que não temos água nos lotes. Sou trabalhador, mas não tenho como produzir”.
Sem resposta - De acordo com gerente da Adicol, a recuperação dos canais e lotes foi orçada em R$ 4,3 milhões e o projeto encaminhado para o Ministério das Cidades. “Acabamos de encaminhar o pedido pela terceira vez, mas até agora não temos resposta”, disse Weber Carvalho. “Dos 36km do canal primário, seis foram completamente destruídos e outra grande parte está comprometida”, aponta ele.
A permanecer o quadro atual, o perímetro Irrigado Icó-Lima Campos corre o risco de se tornar inviável. Ao longo dos anos, as iniciativas governamentais vêm fracassando. Até mesmo o programa implantado pela Agência Nacional de Água (ANA), para perfuração de poços individuais em cada lote, não deu certo em face da baixa vazão e insalubridade da água. Já o projeto de construção de um canal por gravidade para atender 70% da área sem irrigação está orçado em R$ 40 milhões e não há previsão de ser aprovado pelo Governo Federal. Até mesmo, a verba no valor orçado de R$ 4,3 milhões necessários para a recuperação de parte do perímetro ainda não foram liberados.
O gerente do Dnocs, em Icó, Ipojucan César Pereira Maciel, esclareceu que todos os esforços têm sido realizados para conseguir a liberação dos recursos. “Participei de uma reunião na sede do Dnocs e vi a preocupação de todos em obter a verba para recuperação das áreas atingidas pela enchente do Rio Salgado”.
ÁREA - 10,5 mil hectares têm o perímetro Irrigado Icó-Lima Campos. Desse total, 2,7 mil ha foram destinados para os lotes de produção.
O que o Sr. acha do trabalho no perímetro?
Venceslau Batista de Oliveira (Produtor rural) - "Já ouvimos muitas promessas, mas agora queremos solução. Esse problema se arrasta há quase dez anos e a infra-estrutura está comprometida".
José Weber Carvalho (Gerente da Adicol) - "Há nove anos que grande parte do perímetro está sem irrigação. Encaminhamos pedido por mais verba, mas até agora não tivemos resposta".
José Francisco Tomé (Produtor rural) - "Estou satisfeito com a produção e a renda da fruticultura. Produzo goiaba e a fruta, com seus derivados, tem venda garantida no mercado interno".
SOLUÇÃO - Técnicos e colonos apresentam alternativas:
O elevado custo de energia elétrica para o bombeamento da água do Rio Salgado para atender à maior parte do Perímetro Irrigado Icó-Lima Campos faz com que técnicos da Adicol e os próprios colonos procurem alternativas para viabilizar a unidade de produção agropecuária. Há duas idéias em debate. A construção do canal por gravidade, orçado em cerca de R$ 40 milhões, e a modernização do sistema produtivo.
Há alguns anos discute-se a substituição de culturas tradicionais que consomem muita água, como arroz, por outras de menor gasto. A fruticultura é apontada como uma das alternativas. Erivan Anastácio de Souza, integrante do Comitê de Bacias e responsável pela fiscalização da aplicação de recursos públicos no perímetro, defende os dois projetos.
“Precisamos do canal por gravidade, que não é caro se olharmos o beneficio que vai trazer para mais de duas mil famílias de irrigantes”, disse. “Devemos também investir na produção de fruticulturas”.
O técnico agrícola, Aécio Fábio Oliveira, também defende as duas alternativas. “O perímetro é um patrimônio importante e não pode ficar parado”. Os técnicos e colonos reconhecem que há perda de água em decorrência da precariedade da infra-estrutura.
Quando havia bombeamento, mais de 50% da água era perdida. “Isso não se admite nos tempos atuais”, observou Anastácio. Atualmente o perímetro tem uma área irrigável de 2,4 mil hectares, mas apenas 358 são irrigados com culturas permanentes e 119 com culturas temporárias. Há 1,9 mil ha sem produção.
A prática mostra que os irrigantes têm dificuldades de praticarem novas tecnologias e não têm capital próprio para implantarem outras culturas e modernos sistemas de irrigação. “Defendo o arrendamento de algumas áreas para investidores acostumados a produzir e comercializar os frutos”, disse Weber Ferreira.
Em algumas áreas há experimentos de cultivo de fruteiras com sucesso. José Francisco Souza, Zé Tomé, é um dos poucos exemplos de determinação. Depois de vários experimentos, investiu no plantio de goiaba e tem renda garantida.
Mais informações:Associação do Distrito de Irrigação Icó-Lima Campos(88) 3561. 1009 "
* Matéria produzida pelo Repórter Honório Barbosa ao Díário do Nordeste (12/11/2008)
VIDEO DO ABANDONO DO PERÍMETRO IRRIGADO E DE OUTRAS ÁREAS DE ICÓ:
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