Exemplo de vida de icoense é destaque em reportagem do Diário


O Caderno "Doc", termo resumido de documentário, é um suplemento especial que aprofunda questões e temas de variados assuntos e que trabalha de forma especial a humanidade.

Na mais recente reportagem, é apresentado o exemplo da icoense Maria Dolores Pereira Mota, de 71 anos, mais conhecida por Dona Dolores Mota, que atua na Pastoral Carcerária, é vicepresidente do Conselho da Comunidade na Execução Penal e tem cerca de 30 anos de engajamento em trabalhos sociais na igreja católica.

A história de vida, de luta e de ação em prol da comunidade icoense lhe rendeu homenagens a nível local, com a Comenda Adília Albuquerque de Morais, no II Festival da Cultura Icoense - ICOZEIRO, em 2012; e a Medalha Clodoaldo Pinto pelo Conselho Penitenciário do Estado [Copen], em 2014.

A matéria destaca fatos capitais na vida dela, em que "as vivências com a Pastoral Carcerária e os ensinamentos de Jesus Cristo promoveram um verdadeiro milagre: o perdão de uma mãe com o coração ainda sangrando".

Conforme adianta o texto, fatores cruciais na vida da icoense,como, em janeiro de 2006, com o assassinato do seu filho, Antônio, 41 anos; e, em 2009, uma nova provação, com o diagnóstico de um câncer severo da filha Gorete, de 41 anos, que não suportou um ano de tratamento e veio a falecer.

Segue a matéria que, "além da saudade dos filhos que já partiram, ela cuida de outro que sofre com problemas de esquizofrenia e dependência alcoólica. Neste mês, acompanhava o filho Joaquim em tratamento no Hospital de Saúde Mental de Messejana, em Fortaleza, porém sem abandonar as atividades na Pastoral Carcerária, na qual já foi coordenadora no município de Icó, onde reside".

Na atuação junto ao Conselho da Comunidade na Execução Penal, responsável por acompanhar os andamentos dos processos dos apenados de Icó, segundo ela, é uma maneira de trabalhar em benefício da população excluída da sociedade.
FORÇA E SUPERAÇÃO - A matéria prossegue abaixo:
"Muitas vezes, a gente joga pedra nos outros, mas não olha para si mesmo. Uma pessoa só comete um crime se não tiver Deus no seu coração. Então, não julgueis para não ser julgado", orienta.

Embora já se considere uma pessoa cansada e com pouca força para enfrentar mais desafios, transborda energia e vitalidade. Seus olhos, muitas vezes marejados, transmitem amor, bondade e compaixão. Em meio à conversa, vai reafirmando a sua crença e a sua fé em Deus, motivos pelos quais se mantém viva. "Se eu não tivesse perdoado, talvez hoje eu não estivesse aqui conversando com vocês. Certamente estaria doente ou já teria morrido de mágoa e ressentimento", compara.

Nas entrelinhas, a professora aposentada questiona os ensinamentos de Jesus, não na teoria, mas na sua prática. "Tem gente que vai à igreja, reza, mas não pratica a sagrada escritura. Quando rezamos o Pai Nosso, ele diz assim: 'Perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido'. Então, como podemos dizer que amamos se não temos capacidade de perdoar?" .

O próprio Jesus deu a sua vida por todos nós, lembra Dolores que dá o seu testemunho de perdão e de amor ao próximo. Recentemente, falou sobre o assunto durante um Encontro de Casais com Cristo [ECC], revelando que não se refere ao homem que tirou a vida do seu filho como o "assassino", mas sim como irmão. Mesmo diante de tanto sofrimento, demonstra conhecer e praticar os ensinamentos de Jesus Cristo.

Talvez por isso, em um dos momentos de muita tristeza por não ter mais o filho consigo, ela conseguiu escrever versos, e mais tarde compôs a melodia. Com a voz embargada, começa a cantar "saudade de um filho que se foi". Após passar quase todo o dia com o filho no hospital, Dolores concedeu a entrevista na pracinha em frente ao Santuário Nossa Senhora de Fátima, em Fortaleza.

Antes de começar a contar sua história, fez breve oração para iluminar e abençoar a equipe. O cenário não poderia ter sido melhor, mas ao se colocar aos pés da santa, de joelhos, Dolores se entrega de corpo e alma a mais uma oração. Emocionada, ela agradece e chora aos pés da imagem. Ao erguer-se, com uma humildade franciscana, pede desculpas.
Confessa não estar bem psicologicamente para dar entrevista, ao mesmo tempo agradece a oportunidade de divulgar a sua experiência para outras pessoas que ainda sofrem com mágoas e ressentimentos por não conceder o perdão.

Depois, a pedido da equipe, com uma voz suave, ela canta um trecho da música Oração de São Francisco, um clássico quando o tema é perdão: "Ó mestre, fazei que eu procure mais, consolar que ser consolado. Compreender, que ser compreendido. Amar, que ser amado. Pois é dando que se recebe. É perdoando que se é perdoado. E é morrendo que se vive para a vida eterna". 
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Publicado por IN

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