Dnocs se prepara para combate à desertificação que ameaça 25 por cento da América Latina

O efeito das mudanças climáticas associado ao avanço do processo de desertificação, que atinge 25% das terras secas na América Latina onde vivem 125 milhões de pessoas, terá um custo de US$ 27 bilhões em 11 países do Continente, informa Raquel Pontes, especialista em meio ambiente do Dnocs.
 
O dado foi revelado na 1ª Conferência Científica da Iniciativa Latinoamericana e Caribenha de Ciência e Tecnologia [ILACCT] realizada em Sobral nos dias 28 a 30 de agosto com foco na implementação da agenda da Segunda Conferência Científica da Convenção das Nações Unidas sobre Combate à Desertificação [UNCCD].

Raquel Pontes coordenou a mesa redonda sobre Experiências Exitosas de Convivência com as Terras Secas, que na Conferência discutiu experiências da Argentina e Brasil. 

Para ela, o evento trouxe como resultado o conhecimento da situação da América Latina e contribuiu para a organização da América do Sul de modo a colocar na pauta a importância da Convenção das Nações Unidas sobre Combate à Desertificação do ponto de vista nacional de cada um dos países.

´´O momento da seca é um grande alerta para essas questões´´, disse Raquel Pontes. A especialista avalia que o conhecimento científico dos impactos do processo da desertificação avançou, mas ainda não chegou a influir na esfera da decisão política. ´´A ciência e a política precisam conversar mais´´, ela afirmou.

Embora o combate à desertificação não esteja na responsabilidade do Dnocs, no projeto de reestruturação do órgão, que tramita hoje no governo federal, passará a integrar a sua missão institucional, observa Raquel Ponte. ´´Com a reestruturação, o Dnocs terá obrigação institucional de tratar a degradação de terras nas regiões vulneráveis como o semiárido´´, disse ela.

No 3º artigo da minuta da reestruturação, aprovada pelo Ministério da Integração Nacional, consta que na Região Nordeste e no semiárido do Estado de Minas Gerais, compete ao Dnocs, entre outras coisas, ´´implementar as políticas de enfrentamento à desertificação e de mitigação dos efeitos da seca´´. A minuta acrescenta que ´´o Dnocs poderá atuar, em outras regiões, em áreas afetadas por estiagens ou processos de desertificação, mediante demanda do Ministério de Integração Nacional´´.

No objetivo de monitorar o estado da desertificação no semiárido, a Diretoria do Dnocs recomendou a introdução do tema numa das telas da Sala de Situação, que permitirá visualizar on line as ações e obras hídricas nas regiões mais vulneráveis. A especialista em meio ambiente do Dnocs informa que realiza em conjunto com a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos [Funceme] um estudo sobre o processo de desertificação no Ceará, em Irauçuba e municípios dos Inhamuns.

Segundo ela, o Zoneamento Ecológico Econômico [ZEE] será publicado no final deste ano. Raquel Pontes destacou ainda que, no Brasil, a discussão política sobre mitigação do processo de desertificação e de ações permanenetes de convivência com a seca é conduzida pelo Ministério da Integração Nacional.

O prefeito de Irauçuba, Zé Mota, informou que tão logo se tenha o resultado do estudo do solo pelo Dnocs e Funceme, o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura [IICA] inicia no município um projeto de combate à desertificação. Segundo ele, quatro países do Mercosul foram escolhidos para esta ação, que no Brasil será realizada em Irauçuba com orçamento de US$ 350 mil. 


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Publicado por Jornalismo

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