
Quando se fala que “aquilo lá é uma pouca vergonha”, quase nada se diz realmente, pois a “pouca vergonha” depende do olhar de quem vê. Da mesma forma, quando se fala que o programa é uma “curtição” e serve para distrair, pois está recheado de gente bonita, depende do que a pessoa considera distração.
A verdade é que o programa é recheado de sexo, do começo ao fim. Sexo que começa com a exibição dos corpos quase totalmente despidos, e prolifera através do contato físico entre os participantes. Não resta dúvida que o programa cultua o sexo.
Então, quero fazer uma observação sobre essa questão, para ver se saímos das polaridades “excelente” e “péssimo”, que acabam dividindo os telespectadores, embora no paredão os telefonemas continuem bombando, e enchendo os bolsos da Rede Globo de Televisão.
O sexo, por si só, não é bom nem ruim. Ele faz parte da natureza humana e foi o próprio Deus quem fez o homem sexuado, sinal de que isso faz parte de nossa constituição desde a nossa origem. O sexo pode ser fonte de um incrível prazer e também de uma grande dor, assim como outras de nossas necessidades fisiológicas, a saber: comer, beber, dormir, excretar e, avançando um pouco mais na escala de nossas necessidades, realizar-se profissionalmente e enquanto pessoa.
O prazer sexual se intensifica quando está atrelado ao sentimento positivo, seja de aprovação, afeição ou respeito aos limites da nossa moralidade. Quando isso não é levado em conta, temos um prazer estanque que termina tão logo se atinge o clímax do órgão estimulado, e a partir do qual a pessoa entra em sofrimento físico.
O que acompanhamos no “BBB” é o sexo dissociado do sentimento e, portanto, banalizado. A questão por trás do sexo banalizado é a consequência que tem para as pessoas envolvidas. Elas se despersonalizam, pois seus sentimentos não são levados em conta, e assim são equiparadas a objetos. Todos sabem que os objetos têm a precípua finalidade de servir e depois serem descartados quando já não são mais úteis.
As pessoas despersonalizadas também. Elas são usadas para uma finalidade específica. No caso em tela, para dar prazer. E logo que essa finalidade é exercida, já não servem para mais nada, pois estão na qualidade de objetos e não de pessoas. Surge o vazio existencial.
Esse é o risco do sexo pelo sexo. Transformar a pessoa em objeto de prazer momentâneo. Desnudar não só o seu corpo, mas também a sua essência de pessoa humana, digna de respeito e afeição.
Uma vez na condição de objeto, a pessoa passa a ser alvo de propostas indecorosas, indecentes e prejudiciais à sua autoestima, como comercializar o seu corpo, exercer práticas sexuais alternativas como sadomasoquismo, swing, ménage à trois, voyeurismo; que embora aceitas socialmente, mascaram patologias psíquicas e emocionais. O sexo pelo sexo empobrece o ser humano, pois o descaracteriza e macula a sua essência. Para quem se compraz com relações desse tipo, hoje em dia, estamos diante de um prato cheio!
* Texto escrito e enviado pela escritora Maria Regina Canhos Vicentin [E-mail: contato@mariaregina.com.br - Site: www.mariaregina.com.br].
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