Surgida no final do século XIX, a festa da boa colheita é uma tradição centenária em toda região Nordeste, acontecendo principalmente no período da Semana Santa. Em outras regiões mais tradicionais, a comemoração também é realizada em outras épocas do ano.
De acordo com as pessoas mais antigas, para comemorar a boa colheita do feijão, do milho verde em diante, os agricultores festejavam com a retirada do espantalho da plantação "pai véi’’, mascaravam-se e vestiam-se com roupas velhas e esfarrapadas, com saias de ramos de bananeira seca, chicotes e chocalhos, tambores, pandeiros e acordeons (no ritmo do forró), pedindo donativos para o dia da festa, animando toda a comunidade com alegria. Tudo questão de divertimento.
Chegado o dia da festa, era formado um círculo grande em torno do espantalho que logo mais tarde denominado de ‘’Judas’’ devido ao personagem bíblico. Aquilo que foi arrecadado era posto no centro do círculo, aos pés do boneco pendurado.
Aquele que se atrevesse a roubar para si aquilo que era do "papai juda’’ levava chicotadas dos caretas, apenas enquanto estivesse dentro do círculo. Os caretas defendiam os pertences do boneco, incluído até dinheiro entres esses pertences. No final o boneco era executado.
Essa é uma festa tradicional que há pouco tempo atrás ainda existia em Icó, e afirmo que enquanto pequeno assistia essa festa no sítio dos avós. Em Icó, prevalece apenas uma parte da antiga tradição, que é a animação, os pedidos de donativos e o boneco nas carroças desfilando nas ruas da cidade. Uma mistura do profano com o sagrado.
* Texto de Luan Sarmento - Bacharelando em Serviço Social - e referência do jornal Diário do Nordeste - ---- do blog Icó Arte Barroca
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