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1898. Final do século XIX. O Brasil comemorava 10 anos sem a escravidão e 09 anos de República. O Icó começava a ser dominado politicamente pela Família Pinto Nogueira e a Família Dias, cada vez mais enfraquecida, ia embora para o Cedro. Mais precisamente numa quinta-feira, 09 de julho, nascia Walfrido Monteiro Sobrinho, filho de João Carneiro Monteiro e Maria Viana Monteiro. Walfrido Monteiro, logo recebeu um apelido na infância, sendo chamado pelos familiares de 'Fidoca'.
Durante a sua infância acompanhou o auge e o declínio da oligarquia Nogueira Accioly no Ceará, o surgimento da liderança política de Ilídio Sampaio e inúmeros representantes da sua família serem destaque na política e na religião.
Em 1924, Walfrido casa-se com Josefa Campos Monteiro, conhecida como Dona Zefinha. A união gera 19 filhos, dos quais apenas 11 se criaram. Maria da Expectação Monteiro (Titia), Socorro Campos Monteiro, José Walfrido Monteiro, Maria Vivina Monteiro, Ozanan Campos Monteiro, Geraldo Magela Ribeiro Monteiro, José Tarcisio Campos Monteiro, Aldo Marcozzi Monteiro, Raimundo Nonato Monteiro, Maria José Campos Monteiro (Mazé), João Leonidas Campos Monteiro.
Walfrido começou suas atividades profissionais com uma pequena mercearia, mas sua vocação era ajudar o próximo e logo trocou de ramo. Vendeu a mercearia e comprou uma Botica, que tinha o nome de Farmácia São José.
Devido ao aumento do movimento, logo contratou um funcionário, Eduardo Peixoto de Medeiros, com apenas 18 anos, Eduardo conseguia seu primeiro emprego. Em 1932 é nomeado Interventor, que na época era o prefeito da cidade. Ficou no cargo até 1936. Oito anos depois Walfrido era novamente nomeado interventor, ficando no cargo até 1945.
Nesse período já com a sua farmácia Walfrido era além de prefeito, o médico, o farmacêutico e o parteiro do município. Em 1946, sofria o primeiro golpe da vida, sua filha Maria Vivina Monteiro, falecia aos 15 anos de apendicite.
Em 1947 com o início das eleições diretas e a volta da democracia, são realizadas as primeiras eleições, após 15 anos da Ditadura Vargas. Na eleição de 1947 é eleito prefeito Anísio Pequeno Sampaio e Walfrido candidatou-se a vereador, mas não conseguiu a vaga, pois lhe faltou 28 votos.
Nesse período, Walfrido era o “médico icoense”, consultava e medicava a todos que pediam sua ajuda, fazia inúmeros partos por todos os recantos do Icó, chegando ao final de sua vida, com mais de 1000 afilhados, todos postos no mundo por suas mãos. Subia as serras, atravessava o Rio Salgado e superava açudes, passava dias fora de casa, recebia calotes dos seus clientes, mas sempre estava de prontidão para ajudar a um icoense.
Em 1952, muda-se para um sítio próximo ao mercado central e ao Cabana Clube de Icó, uma vasta área que virou a sua morada e o recanto de descanso da sua família. Hoje a casa conhecida como Solar dos Monteiros, é um patrimônio do município.
No ano de 1958, vê seu filho Geraldo Magela ser eleito vereador. Em 1962, se candidata a vice-prefeito na chapa de Francisco Maciel da Silva, mas perde a eleição de vice-prefeito para o seu amigo e companheiro de trabalho, Eduardo Peixoto, por 89 votos.
Não desiste, sempre ajudando as pessoas, atendendo aos enfermos em sua farmácia, se candidatou em 1966, aos 68 anos, a prefeito, sendo o candidato de oposição a família Fernandes, que estava no poder desde o ano de 1954.
Concorreu a eleição contra Manuel Saturnino Bezerra, e venceu com mais de 1.000 votos de vantagem, o que à época representava mais de 30% de diferença. Nessa mesma eleição ainda tem a alegria de eleger seu filho vereador e colocá-lo na presidência da Câmara dos Vereadores, Aldo Marcozzi Monteiro.
No seu mandato, urbanizou e calçou ruas, abriu estradas para os lugares mais longínquos do Icó em parceria com o DNER. Ampliou e reformou a maternidade de Icó. Foi no seu mandato que ocorreu a tragédia da festa de 1969, onde faleceu o irmão do ex-prefeito Dr. Newton , o Sr. Jairo Fernandes.
Já havia alguns anos que as famílias Monteiro e Fernandes não se entendiam e com o decorrer das eleições os ânimos e as intrigas entre elas iam aumentando, o que culminou com a confusão na festa de Réveillon de 1969.
Devido a sua boa administração, iniciava ali um longo domínio político da família Monteiro que perdurou até 1990 com o término do mandato de deputado estadual de José Tarcísio Campos Monteiro.
Em 1972, o já septuagenário Walfrido Monteiro vê seu filho, José Walfrido Monteiro, se eleger prefeito. Em 1975, após seis décadas de casamento perde a sua esposa, Dona Zefinha, uma mulher extremamente religiosa, que dedicou a sua vida ao esposo, aos filhos e a igreja. Mas as alegrias na vida de Walfrido não iriam parar.
Foi testemunha do sucesso de José Walfrido, eleito deputado estadual em 1978 e 1982. Viu seu filho ser um dos principais representantes do Gonzaguismo, movimento que mudou a política cearense da época, e se tornar o vice-líder no Governo Estadual. Em 1982, além de já ter um filho deputado reeleito, viu Aldo Marcozzi Monteiro se eleger Prefeito de Icó e presidente da APRECE (Associação dos Prefeitos do Ceará), sendo um dos fundadores da instituição.
Aos 85 anos de idade, no final de 1983, já debilitado fisicamente e com a morte de Zé Walfrido, o “Seu Walfrido”, como era conhecido, não resistiu à tamanha perda e cinco meses depois, falecia por problemas cardíacos, em 14 de abril de 1984.
Deixou um grande legado para os seus filhos, todos formados e seguidores dos seus princípios e conselhos. Dos seus filhos dois eram médicos, dois eram advogados, um veterinário, um enfermeiro, um odontólogo, uma professora e uma freira.
Depois de 43 anos, após a primeira eleição direta de um “Monteiro” para prefeito, em 1966, a família Monteiro perdeu seu último representante político no Icó, em 03 de maio de 2009, o inolvidável Aldo Marcozzi Monteiro.
Prefeito de 1983 a 1989, Aldo foi sinônimo de retidão, de honestidade e entrou para os anais da história do Icó como um dos melhores administradores do município. Não há icoense que desconheça o seu legado e a sua história será perpetuada ao longo das gerações.
De forma saudosista, tudo passa. Assim como a família Dias, a família Graça, a família Teixeira, a família Sampaio, a família Fernandes, agora a família Monteiro encerra a sua participação na construção desse tão sofrido e castigado município.
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* TEXTO DE PAULO HENRIQUE AMANCIO AMORIM
** FONTE: ALDO MARCOZZI MONTEIRO
EDUARDO PEIXOTO DE MEDEIROS
'ICÓ EM FATOS E MEMÓRIAS' - DE MIGUEL PORFÍRIO DE LIMA.
JOSÉ WALFRIDO MONTEIRO GONDIM
1 comentários :
Tenho o imenso orgulho de ser neta desse grande homem, meu avô Walfrido foi um exemplo de honestidade.
Adorei o texto e agradeço a oportunidade de poder relembrar a vida do meu avô.
Abraços
Danielli Monteiro
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