Um homem que partiu cedo demais para a população de Icó. Esta é a última definição que compreende o historiador Miguel Porfírio de lima, que “teimava” em manter vivas a memória e a cultura deste povo e desta cidade tão antigos.
Homem simples, que mantinha na humildade e sabedoria, suas bases para repassar a todos aqueles que queriam saber informações da história de Icó, no Ceará. Um município que conta com casarões, igrejas seculares e monumentos que desafiam o tempo e uma população, que aos poucos se esquecia que era: assim era o pensamento e o alerta que Miguel passava para todos da cidade.
Porfírio nasceu na Fazenda São Romão, de propriedade de seu pai, Manoel Romão. Foi vaqueiro da fazenda por algum tempo, mas para continuar seus estudos teve de se deslocar para a capital, Fortaleza.
Dificuldades o fizeram voltar para a cidade natal, e como icoense de nascimento e coração, resolveu ficar na cidade para conseguir um melhor futuro. Casou-se e ingressou no serviço público federal, o Serviço de Irrigação do Ceará. Foram 27 anos trabalhando e sem parar jamais. Partiu para chefiar o Banco Nacional, público, e logo após, o Banco Cardoso, particular. Miguel não ficou por aí, e ainda trabalhou como escriturário.
Já pronto para se aposentar, o então prefeito de Icó, José Walfrido Monteiro, o chamou para dirigir a Fundação Icoense de Educação (FIE), que veio a se tornar o Departamento de Educação e Cultura e hoje, a Secretaria de Educação.
Esse trabalho frente à educação, o sentimento de amor que ele já sentia pela cidade aumentou, a ponto de pesquisar em livros, fazer entrevistas com pessoas antigas, e buscar, de alguma forma, trazer de volta o velho orgulho de ser icoense.
Suas pesquisas não ficaram restritas somente para si. Escreveu dois livros, fez parte de um documentário sobre a história de Icó, e ainda buscou ensinar aos mais jovens sobre o passado desta cidade fincada no sertão do Ceará. Em visitas de campo, coordenadas pelas escolas municipais, alunos de todas as idades ficavam pasmados e surpresos com tamanho conhecimento dele.
O amor dele também se transformou em revolta, publicando um artigo no maior jornal do Ceará e batendo de frente com políticos e pessoas da cidade que não se importavam com os monumentos e casarões de muita história. Ele criou e recriou o sentimento de orgulho na cidade, que faz parte da história do Ceará e do Nordeste, além de manter vivas as tradições do Icó. Pessoas não gostaram por suas críticas feitas contra o descaso aos prédios e muitas admiraram por ter coragem de falar o que era necessário falar.
Hoje, com sua partida, muito se foi com ele. Mas fica o pensamento que deixou de manter as raízes e a cultura vivas. Para muitos, ele não morreu, pois em cada prédio histórico ficou uma marca deixada por sua pessoa e sua humildade em compartilhar os conhecimentos adquiridos, ao contar suas histórias e de antepassados dos antigos Icós. Ficará na lembrança, um senhor que na sua cadeira de balanço contava história e estórias desta antiga cidade, para quem passava nas calçadas, esperando o vento Aracati na sua porta.
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1 comentários :
FICO SENSIVELMENTE ABATIDO COM O PASSAMENTO DO PROFESSOR E HISTORIADOR MIGUEL PORFÍRIO DE LIMA. FOI CORRSPONDENTE DA RÁDIO JORNAL CENTRO-SUL DE IGUATU QUANDO LÁ TRABALHEI EM 1986 E NA RÁDIO VALE DO QUINCOÊ DE ACOPIARA DE 86 A 91.
PERDEMOS UM HOMEM SENSATO E INTELIGENTE E ICÓ UMA DE SUAS FIGURAS MAIS ILUSTRES.
SINCERAS CONDOLÊNCIAS A TODO O POVO ICOENSE.
FOI BOM TER DESFRUTRADO DA AMIZADE DE "SEU" MIGUEL!!
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